terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Seminário de Resende em Cinfães*

A criação dos seminários como escola de preparação e formação sacerdotal pelo Concílio de Trento (1545-1563) veio trazer à igreja um instrumento de selecção qualificado para encontrar em cada época e conforme as suas necessidades os elementos mais adequados e em dedicação exclusiva ao serviço de Deus, dispondo também e ao mesmo tempo dos meios actualizados para sensibilizar nas comunidades os filhos que deveriam seguir o caminho do sacerdócio como suporte da hierarquia eclesiástica, mensageiros da palavra e ministros do Sacrifício.
A esta preocupação tridentina veio o Vaticano II (1962-1965) proclamar «a grandíssima importância da formação sacerdotal», definir os seminários menores como essenciais «para cultivar os germes da vocação», afirmar que «o dever de fomentar as vocações pertence a toda a comunidade cristã» e que a sua formação específica evoluirá «sob a direcção paternal dos superiores, com a cooperação oportuna dos pais».
Sugere ainda este Concílio que se «promova com zelo e descrição uma geral acção pastoral para fomentar as vocações» utilizando as vias «tradicionais de cooperação» nomeadamente os «vários meios de comunicação social pelos quais se faça conhecer a necessidade, a natureza e a excelência da vocação sacerdotal».
Sabedor profundo desta realidade, possuidor de princípios e estratégias aplicadoras desta doutrina e conhecedor atento dos meios a seguir ou passos a dar, o Sr. Vice-reitor do Seminário de Resende Pe. Paulo Alves, dinamizou no arciprestado de Cinfães, um programa promocional de vocações de modo a manter na actualidade e garantir no futuro a ocupação dos bancos do seminário e a ordenação necessária de sacerdotes para a igreja diocesana.
Com início em Setembro, semana a semana, aí vai ele à frente dos seus alunos e equipa formadora, de terra em terra, de povo em povo, como o «semeador a semear a sua semente» qual Paulo de Tarso, (o Paulo do mundo), na igreja nascente há 2000 anos. Nalgumas paróquias já esteve e outras se seguirão.
Hoje é a vez da freguesia de Cinfães, sede do concelho e centro aglutinador de todo o arciprestado, receber o seminário de Resende e a sua mensagem. Não obstante a chuva intensa e frio persistente, a paróquia de Cinfães recebeu entusiasticamente os jovens alunos e a equipa formadora do seminário.
No sábado, dia 6 o Pe. José Fernando e Pe Marcos Alvim com mais 12 seminaristas estiveram em convívio fraterno e troca de experiências com as equipas de catequese e acólitos num diálogo de aprendizagem mútua que dá vida e coragem aos cristãos na sua cooperação de leigos e entusiasmo à juventude para o lugar que o futuro lhe reserva.
O dia por excelência deste encontro foi a 7 de Dezembro, 2º domingo do advento e véspera da imaculada Conceição.
O Pe Marcos Alvim e o diácono Ponciano mais 12 outros seminaristas, logo pela manhã e após a celebração eucarística fizeram um encontro no Casal com jovens e pais dessa povoação.
Pelas 10 horas, com o salão paroquial cheio e sob a orientação do Sr. Vice-reitor realizou-se um encontro especial de jovens, catequistas e pais onde foi dada uma visão da vida no seminário e feita a apresentação de um pequeno filme. O Sr. Pe Francisco, pároco da freguesia, apoiado também pelo Sr. Cónego Acácio Soares, foi incansável na preparação ambiental deste acto que até o mau tempo teve dificuldade em ofuscar.
A chave da verdade, e o epílogo da mensagem centrou-se à volta do altar no momento da celebração da eucaristia.A concelebração presidida pelo Sr. Vice-reitor teve no mesmo altar o Sr. Pe Francisco, o Sr. Cónego Soares e o Pe Marcos Alvim, à responsabilidade de quem esteve também o muito bem organizado grupo coral.
No momento da palavra o presidente da celebração realçou valor da oração, importância do contacto e os efeitos da mensagem, como suporte e caminho do futuro cristão numa preparação de vida interior para o nascimento de Cristo no seu Natal, deixando ao seminarista Carlos, natural de Fornelos, o espaço e tempo necessários para o seu testemunho vocacional, também ele ouvido atentamente por uma comunidade de fiéis atentos e disponíveis numa igreja repleta onde o peso do silêncio evidenciou a recepção da mensagem e mostrou a disponibilidade do terreno para a semente lançada.
Antes da bênção e mensagem final, a Raquel, com voz timbrada e em nome de toda a paróquia saudou e agradeceu ao seminário com vida e alegria nos seguintes termos:
« - A nossa comunidade sente-se particularmente feliz, por ter vivido este fim de semana mais próxima do nosso seminário. Ficamos enriquecidos com a alegria que nos foi transmitida pelos seminaristas e superiores (…). Que o Natal que se aproxima permita que todos possamos voar bem mais alto no caminho de servir (…).
Vamos pedir a Deus para que também da nossa comunidade haja vocações sacerdotais. Agradecemos, do fundo do coração a vossa visita e aguardamos pela próxima. Até sempre.»
Após a celebração seguiu-se a refeição convívio para repor as energias dispendidas.
Assim culminou esta deslocação do seminário à vila de Cinfães, terreno fértil para o despertar de novas vocações que vão manter a vida no seminário e garantir o sacerdócio na diocese nos próximos 20 anos, sendo que os primeiros 10 já estão assegurados pelos jovens actuais em formação vocacional, fruto já de um caminho descrito e visível nos planos de actividades anuais consistentemente pensado e seguido nos últimos anos pelo seminário de Resende, numa estratégia de « comprometimento do povo de Deus na vocação dos futuros servidores», em resposta positiva ao «autor do chamamento»,num contributo para «a edificação dos homens e sacerdotes de amanhã», semente e fruto vivo de um «processo de crescimento e discernimento vocacional».
Na qualidade de ex-aluno do seminário, vizinho próximo da freguesia de Piães, representante da ASEL e residente no Porto, estive presente neste encontro que me deixou encantado e maravilhado com as maravilhas que neste campo também vai ser o futuro.
Ao completar esta reportagem fiquei a discutir comigo e a perguntar-me porquê e para que tantas palavras, quando eu somente queria dizer: continua Seminário de Resende porque estás no caminho certo e parabéns Cinfães porque sabes tão bem receber, absorver e responder.
*Nota: Apontamento da autoria do Dr. Adão Sequeira, escrito para a "Voz de Lamego".

Arquivo e museu diocesanos*

«-Não devia nem podia a Associação dos Antigos Alunos do Seminário -(ASEL)- alhear-se deste evento, e sobretudo desta obra de grande alcance para o futuro social, cultural e histórico da diocese de Lamego.
O novo Arquivo e Museu hoje inaugurados, centro aglutinador de toda a história da diocese, ficam instalados no local certo e de qualidade rara; as suas paredes guardam ainda o segredo de tantos alunos e vocações que cresceram na sabedoria e santidade e hoje são leigos empenhados ou notáveis padres da igreja viva espalhados na diocese e no mundo.
Aqui se burilou, durante tantos anos, a qualidade sacerdotal, humana e científica que tanto enobreceu a nossa diocese; e aqui nasceram e desenvolveram projectos que não mais desapareceram da memória citadina e da história diocesana o mais humilde dos quais terá sido o nascimento da Estrela Polar que sonhado em 1905,concretizado em 1951 não mais desapareceu nem deixou de pertencer aos segredos destes corredores, hoje transformados em museu vivo de coisas que nunca deixaram nem vão deixar de existir e viver.
Fica com esta obra garantida o futuro histórico do passado realizado.
Como todas as grandes decisões e obras de grande dimensão haverá aplausos e discordâncias, uns e outros salutares à dinâmica da vida e das instituições.
A 1ª grande obra que obteve a unanimidade e concordância absoluta da comunidade ainda se não fez e (utopicamente) vai realizar-se somente quando os homens forem perfeitos ou quando a perfeição for comandada por um só homem que centralize a perfeição de todos numa só vontade.
A singeleza da nossa oferta - (da oferta da ASEL)- é o símbolo da nossa vontade e o indicativo da nossa presença ao lado de quem está, vai à frente e tem aos seus ombros o peso e a responsabilidade do presente expresso nos actos do passado e a garantir a eficiência do futuro.
Sou leigo e desconhecedor, mas sei que a diocese de Lamego tem o melhor arquivo diocesano a nível nacional. Deverá ser uma honra e uma glória para Lamego. Urge mantê-la, guardá-la, aperfeiçoá-la, para bem dos povos, da Igreja e da História.
A ASEL ao associar-se a este evento com a singela oferta através do cheque de valor simbólico que agora ofereço, tem a esperança e a certeza que este novo espaço e o destino que lhe foi votado é um centro agregador de toda a documentação diocesana, garantindo assim para a história que tudo se guarda e conserva no local devido, mantendo deste modo também os factos da história na história dos factos.
Sem interesse, mas com valor ou sem valor mas com interesse, em nome da ASEL, documentalmente deixo ao museu uma cópia completa do Jornal Estrela Polar, bem como um exemplar em capa especial da Antologia desse mesmo jornal.
Este pequeno envelope, Snr. D. Jacinto, é portador de muita alma e pouco dinheiro e mesmo que me diga que almas já tem muitas e dinheiro continua com pouco, esta é porém a dura realidade e a pura verdade à qual certamente só a muita oração dos mais santos poderá dar a volta.
Snr. D. Jacinto, envolvidos na crise que a todos avassala e descapitalizados pela nossa incapacidade de gerar fundos, é esta e nesta data a presença e oferta possíveis da Direcção da ASEL, sempre irmanada nas grandes causas do apostolado diocesano e no palpitar vivo dos nossos seminários em cujos bancos recebemos o gosto forte pelo saber humano e o paladar espiritual do sabor divino.»
*Nota: Apontamento de autoria do Dr. Adão Sequeira, escrito originariamente para a "Voz de Lamego"
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