terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Homenagem ao Padre Paulo Jorge Pereira Alves*

A minha Homenagem*

Decorria a terceira sexta-feira do mês de Julho de 1971, quando num pequeno lugar dos arredores da Cidade de Lamego e quase na encosta encimada e abençoada pela Senhora dos Remédios, nossa Padroeira, do casal formado pela Sra. D. Palmira e Sr. Filipe nascia um rapaz barão a quem posteriormente foi dado o nome de Paulo Jorge Pereira Alves.

Os parcos conhecimentos que possuo sobre esta família, apenas me permitem constatar a riqueza espiritual em que vivem, a constante disponibilidade em prol dos que precisam, um meio onde não existe a palavra NÃO mas sempre um SIM de disponibilidade, de apoio, de auxilio; neste ambiente cristão, puro e familiar cresceu, o Paulo Alves.

(Aos leitores que comungarão comigo esta possível homenagem e ao homenageado, desde já solicito «mea culpa» de possíveis datas ou declarações menos correctas; tentarei sejam o mais reais possíveis.)

Pela vontade de servir a Deus, depois do ensino escolar obrigatório, entrou no Seminário de Resende cumprindo com eficácia e inteligência esta primeira etapa, tendo sido transferido para o Seminário Maior fazendo os anos de Teologia e ordenando-se Sacerdote. Foi nessa casa, hoje sua primeira preocupação como Reitor da mesma que em 1996 faz o seu Bacharelato.

Estávamos na presença de um jovem, com ambições e por isso sempre ávido de uma maior e melhor formação académica e espiritual e assim com 25 anos apenas obtem a Licenciatura em Teologia pela U.C.P. – Porto.

Seria demasiado cansativo e essa não é a minha intenção, aproveitar este espaço que o Jornal da Diocese me concede para estar a mencionar os degraus, e tantos foram eles, percorridos pelo agora Padre Prof. Dr. Paulo Alves.

Pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, da U. Coimbra, em 2003, foi este nosso homenageado denominado Mestre em Psicologia Pedagógica com a nota máxima de Muito Bom. Com este grau académico, talvez o nosso Vice-Reitor na altura, tenha alcançado uma das metas a que se tinha proposto. Foi neste periodo que, como Presidente da Direcção da Associação dos Antigos Alunos – ASEL o conheci « mais terra a terra » e em conjunto com a equipa de formação que chefiava e restantes elementos directores da ASEL levamos, entre outras coisas, a efeito uma campanha pró-Seminários da Diocese e, com verdade o confesso, mais centralizada no Seminário de Nossa Senhora de Lourdes, onde eu passara 5 anos da minha juventude.

Normalmente com a disponibilidade mais activa do Dr. Adão Sequeira, Vice-Presidente da Direcção, temos a consciência satisfeita pelo pouco, mas muito que conseguimos fazer por esta casa, por aqueles jovens e por tantas necessidades existentes.

Foram 6 anos de Presidência da ASEL e todos eles foram vividos em plena comunhão de valores e de dialogo constante com o (ex) Sr. Vice-Reitor, Pd. Paulo Alves. Aí fui beber muitas das minhas decisões a apresentar aos restantes elementos da Direcção, aí fui por vezes buscar um pouco de animo espiritual pessoal, aí senti felicidade a ver a alegria sempre patente nos olhos de minha esposa num constante dialogo com « os meninos» e numa constante preocupação de sempre lhes levar algo que os alegrasse ou que eles necessitassem. Foi toda uma verdadeira Família que a ex-Direcção da ASEL criou com toda essa Família do Seminário Menor, tão bem comandada por esse jovem, sempre com o sorriso nos lábios, mesmo que no seu interior existisse sempre a grande preocupação pelas dificuldade inerentes ao governo de tão grande casa, ao constante bem estar dos « seus rapazes», ao modo mais correcto de rendimento de tão grande imóvel composto por campos, animais, etc.etc.

A sua passagem como Pároco de Castro Daire, antes de ser nomeado Vice-Reitor, deixou-o preso a essas paragens por quem sempre continuou a nutrir grande carinho e dedicação. Por aí o víamos muitas vezes nas suas actividades pastorais em colaboração com os Párocos ou então nas suas maiores Festividades.

Mas o Padre Paulo Alves cedo me sensibilizou nas suas diversas actividades e no modo como sempre conseguia coordenar tudo e tantas coisas: a dedicação ao Seminário; a deslocação a diversos Estabelecimentos de Ensino como docente dos mesmos; a sempre constante disponibilidade em prol da Diocese colaborando ora com o seu responsável, o Sr. Bispo, ora com os diversos arciprestados; etc… Como exemplo e como testemunho na primeira pessoa, recordo toda a Campanha de Promoção Vocacional feita no Arciprestado de Cinfães. A obra apareceu e os seus frutos até podem ser tardios, mas virão…. Apenas quem o acompanhou saberá reconhecer todo um trabalho de preparação para uma certeza de tão caloroso acolhimento testemunhado por diversos elementos da ASEL, sempre presentes nos diversos fins de semana e que neste mesmo Jornal testemunharam o sorriso e até os braços abertos com que todas aquelas crianças, jovens e adultos receberam os nossos seminaristas e seus formadores e sentiram na simplicidade das suas mensagens a Palavra do Bom Pastor a apelar ao Chamamento:

VEM E SEGUE-ME

Muitas foram e são ainda os meus contactos com este Grande Homem que faz o favor de me considerar como seu Amigo. Aprendi e espero continuar a merecer a sua amizade e assim continuar a aprender que vale a pena lutar pelo que se gosta e pelo que se tem a certeza que é o certo e pelo que desejamos.

Fora da sua dedicação ao Seminário Menor, tomei conhecimento da sua colaboração em revistas especializadas com artigos e testemunhos; a sua presença na transmissão dos seus conhecimentos psicológicos e não só, em conferencias dentro e fora da Diocese; o seu cunho em trabalhos de profundidade em prol da Diocese e seu desenvolvimento; a sua presença como coordenador e orientador em equipas ou cursos diversos; etc. etc.

O seu ultimo gesto de Amizade e um pedido, humilde, de não publicidade, sensibilizou-me ao convidar-me a acompanhá-lo à Sala dos Capelos, da Universidade de Coimbra, no passado dia 11 de Dezembro de 2009, onde defendeu tese de Doutoramento: Psicologia de Desenvolvimento. A sua humildade, penso que reconhecida por todos os que o rodeiam, não o transpôs à publicidade do acto, convidando apenas seus Familiares directos, seus responsáveis Hierárquicos, alguns colegas, alguns dos seus rapazes menores e maiores e um ou outro Amigo mais directo.

Confesso que não habituado a estes momentos, consegui manter-me preso a uma cadeira quase 3 horas, sempre embebido pelo questionário constante dos 5 juizes presentes, interrogando e interpelando o julgado, Pd. Paulo Alves. Embora num clima tenso, manteve a sua calma, mostrou sempre o seu sorriso e a todos testemunhou uma certeza e uma ciência absoluta do conhecimento que defendia e achava ser correcto. A todos certificou o que dele pensávamos e pensamos: Qualidade, Sabedoria, Inteligência e Persistência.

Passadas as horas, reuniu o circulo dos 5 juizes e Presidente que alguns minutos depois chamaram o julgado a quem comunicaram a decisão e que depois regressou acompanhado com uma porta-voz do júri que a todos comunicou:

A todos os presentes informo que o Sr. Dr. Padre Paulo Alves foi:

APROVADO COM DISTINÇÂO E LOUVOR POR UNANIMIDADE.

Como não podia deixar de ser, a ovação foi forte e geral por parte de todos os presentes e cada um exprimiu ao laureado um forte abraço de Parabéns, este também extensivo a seus Pais que retratavam nos seus rostos a alegria e a Felicidade que Deus lhes dera ao terem este filho.

Senhor Prof. Dr. Pd. Paulo Alves, aqui fica a minha homenagem e um pouco do que lhe posso oferecer como gratidão ao deixar-me ser seu Amigo.

Estarei a seu lado sempre que disso tiver necessidade. A minha resposta será sempre afirmativa sempre que dela necessitar e achar conveniente. Obrigado pelo modo sincero e cordial como sempre me recebeu, não só a nível pessoal, mas também como responsável da ASEL.

Peço-lhe que não me condene em não me manter calado ou quieto sem, neste nosso jornal, lhe manifestar esta pequena homenagem a que penso ter direito.

Parabéns e que a nossa Diocese possa contar com a sua sempre disponibilidade e inteligência pois todos nós, Lamecenses, só teremos a ganhar.

Um Amigo

Cândido Teixeira

*Texto de autoria de Cândido Teixeira, publicado na Voz de Lamego

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Quinta da Massôrra*

Rui Cardoso nasceu e viveu no Porto até terminar o ensino secundário. Nos fins de semana e nas férias, acompanhou vezes sem conta o seu pai à Quinta da Massôrra. Já formado, casado, com uma carreira profissional promissora, e com um filho, tudo fazia prever que a sua vida iria ter como epicentro o Porto. Mas o apelo do casal por um novo estilo de vida foi decisivo, tendo-se mudado para a Quinta da Massôrra há dez anos, onde se encontra a implementar um projecto no sector agro-turístico.


Nota pessoal

Dois outdoors com convite a uma visita à quinta e uma oportunidade de aquisição de vinhos e produtos regionais impeliram-nos a entrar. Foi nas férias de Verão de há oito anos. Uma senhora jovem recebeu-nos com uma cortesia excepcional. Os meus filhos, então com 16, 12 e 8 anos, ficaram encantados com a experiência. Puderam brincar descontraidamente no largo, frente à casa e à capela, ver as vinhas e apanhar peras que então se apresentavam deliciosas, tendo a anfitriã feito questão de as oferecer. Como estávamos em fim de férias, trouxemos uma cesta cheia para Coimbra.

Passámos pela loja de produtos regionais, onde adquirimos algumas garrafas de vinho da quinta, embalagens de compotas e de cereja em vinagrete. Pudemos apreciar a grande variedade de artigos de artesanato expostos, entre os quais, panelas de barro, feitas em Fazamões, rendas e bordados, cestas de vime, chapéus de palha, uma grande variedade de embalagens de compotas e muitas garrafas de vinho do Porto.

Pudemos visitar ainda o lagar tradicional e a adega, tendo sido dada uma breve explicação sobre o modo como se processa a vindima na quinta, a produção e a armazenagem do vinho.

Com o portão geralmente aberto, num renovado convite a uma visita, essa tarde ficou como exemplo de bem receber, que não pode deixar de ser recordada sempre que os olhares se cruzam com a Quinta da Massôrra.


Breve resenha histórica

Sabe-se que na Casa, dotada de capela privativa dedicada ao Espírito Santo, viveu a família Coelho de Macedo e que Abel Coelho de Macedo, tendo vivido na Casa do Choupal com a esposa D. Leonor Pinto Cochofel em finais do século dezanove, foi descendente e proprietário. Após a sua morte, os seus herdeiros venderam a Casa a um senhor de nome Gastão, de Resende, o qual, por sua vez a vendeu ao Eng. Carlos Bento Freire de Andrade, Director das Minas de Ouro e Diamantes de Angola, que residia no Estoril. Tudo indica que este senhor tinha ascendentes em S. João de Fontoura, alguns dos quais muito provavelmente teriam sido donos da Quinta da Massôrra.

Por sua vez, o referido Eng. Freire de Andrade vendeu esta propriedade a José Botelho dos Santos, pai do actual proprietário, Prof. Doutor Valdemar Miguel Botelho dos Santos Cardoso, ilustre cirurgião (que atendeu e encaminhou para hospitais muitos doentes da freguesia e do concelho, sendo, por isso, muito acarinhado pela população) e professor jubilado da Faculdade de Medicina do Porto, que aqui, como sempre fez, continua a passar sempre que pode os seus fins de semana.


Um novo projecta com Anabela e Rui Cardoso

Rui Cardoso, um dos cinco filhos do actual proprietário, licenciou-se em agronomia pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, tendo tirado um mestrado em Inglaterra na área de marketing agro-alimentar, incentivado pelo Doutor Bianchi de Aguiar. Como, entretanto, este Professor foi nomeado Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, Rui Cardoso veio a integrar a sua equipa, tendo ficado como Director do Departamento de Marketing desta instituição durante 8 anos. Estas funções implicavam viagens constantes, o que fazia com que dedicasse pouco tempo à família. Após o nascimento do primeiro filho, o casal entendeu que era chegado o momento de refazer o percurso de vida, de forma a terem a possibilidade de viverem mais próximos.

Tendo em conta a formação e experiência profissional de Rui Cardoso, o casal resolveu há dez anos apostar num projecto empresarial para a Quinta da Massôrra, fixando-se aqui com o filho, que, entretanto, ganhou dois irmãos.


Áreas do negócio

O projecto privilegia duas componentes: desenvolvimento de uma área agro-turística e produção, transformação e comercialização de produtos agrícolas e agro-alimentares (essencialmente vinho e cereja).

A Anabela, licenciada em economia, embora continue a desempenhar as mesmas funções profissionais na mesma empresa do Porto através de teletrabalho, dá um grande contributo ao sector agro-turístico, recebendo e acompanhando os visitantes pela quinta, loja de comercialização de vinhos e produtos regionais e adega e preparando, de acordo com as solicitações, vários programas e eventos.

O casal adquiriu, entretanto, próximo da Casa da Massôrra, uma outra propriedade, a Quinta das Cancelas, o que permitiu aumentar a área da produção de vinho e de fruta. Refira-se que nestas propriedades procura-se utilizar processos amigos do ambiente, evitando-se sempre que possível produtos químicos.


Aposta na produção e comercialização de vinho

Desde o início que o Eng. Rui Viseu Cardoso tem apostado na produção de vinhos, trabalhando com Rui Cunha, um enólogo com provas dadas. Várias colheitas mereceram críticas elogiosas de provadores e de revistas da especialidade, tendo sido mesmo objecto de prémios pela relação qualidade/ preço. A meta é atingir anualmente a produção de 10.000 garrafas. Presentemente, disponibiliza quatro tipos de vinhos com características específicas, respondendo aos vários gostos, ocasiões e públicos. Os relativos a 2007 estão praticamente esgotados.

Eis as características relevantes dos quatro vinhos: i) Qta da Massôrra Colheita Seleccionada tinto 2007. Foi produzido a partir das castas Tinta Roriz, Touriga Nacional e Sousão. A fermentação decorreu em lagares tradicionais de granito com pisa a pé. Estagiou posteriormente em cascos novos de carvalho americano e francês; ii) Qta da Massôrra Colheita Seleccionada branco 2007. Foi produzido quase exclusivamente a partir da casta Arinto. A fermentação decorreu em cascos de carvalho francês e húngaro, onde estagiou durante 8 meses; iii) Encostas de S. João tinto 2007. Foi produzido a partir das castas Tinta Roriz e Touriga Nacional. A fermentação decorreu em lagares tradicionais de granito com pisa a pé. Estagiou posteriormente em cascos de carvalho francês; iv) Encostas de S. João branco 2007. Foi produzido quase exclusivamente a partir da casta Arinto. Após o desengace e esmagamento das uvas, a fermentação decorreu em cubas de inox com controlo de temperatura.

Cerca de 65% das garrafas são vendidas directamente na quinta ou através de pedidos feitos por telefone ou e-mail, que chegam aos respectivos destinos (no país ou estrangeiro) através de duas transportadoras com as quais a casa tem acordo.

Contactos


Quinta da Massôrra

S. João de Fontoura

4660-333 Resende telef. 254 871 578; telm. 965 053 820; fax 254 871 617 e e-mail: ruiviseucardoso@mail.telepac.pt

*Artigo de minha autoria, publicado no Jornal de Resende (número de Agosto de 2009)

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