quarta-feira, 29 de junho de 2011

Notícias do "Jornal de Resende", Junho de 2011*

Festa da Cereja de Resende em Sintra
Já se tornou uma tradição. Realiza-se no fim de semana seguinte ao o Festival em Resende. Lourel, uma localidade nos arredores de Sintra, foi inundada de cerejas do nosso concelho nos dias 4 e 5 de Junho. Na madrugada de sábado chegou, vinda de Paus, uma carrinha carregada de cerejas, conduzida por José Luís de Oliveira, a quem foi feita a encomenda de mil e duzentos quilos. Entretanto, um conterrâneo residente em Sintra, Joaquim Botelho, tinha-se feito à estrada em direcção a Resende, na quinta-feira, para recolher e adquirir outros produtos, designadamente cavacas, presuntos, salpicões, moiras, bolas, pão e doces regionais, tendo chegado também na madrugada de sábado. Pendões estrategicamente colocados nas ruas da localidade, diversos cartazes e o passa palavra alertaram a numerosa comunidade resendense, amigos e residentes para o evento. Era uma oportunidade para provar as nossas cerejas e outros produtos. A venda ao público começou cerca das 08h00, registando-se grande afluência de pessoas ao meio da manhã. Pelas 16h00, já tinham “desaparecido” cerca de novecentos quilos de cerejas, vendidas em caixas de dois quilos, ao preço de seis euros a embalagem.
O evento decorreu num espaço ao ar livre, propriedade do Sporting Clube de Lourel, cujo presidente da direcção é, por feliz coincidência, um resendense. Aí foram montadas diversas barracas para venda de produtos alimentares e peças de artesanato feitas em Resende e na zona de Sintra, cujos resultados reverteram a favor da futura sede da Casa do Concelho de Resende. A cereja, como rainha da festa, ocupou um lugar de destaque, ao fundo, defronte à entrada do recinto, onde foi montado um balcão para o efeito. Como não podia deixar de ser para incentivar o convívio, foi disponibilizada uma barraca de comes e bebes e de grelhados para as refeições. A tarde teve a animação musical do grupo “Teclas”.
No domingo, houve missa campal às 09h30, celebrada no recinto, em palco montado para o efeito, e abrilhantada pelo Grupo Coral da Casa de Resende. Às 12h30 teve início o almoço/convívio de resendenses, familiares e amigos, no qual participaram duzentas e cinco pessoas, além de convidados. A organização teve de anular várias inscrições por falta de vagas. Por calhar em dia de eleições, não esteve presente nenhum vereador da Câmara Municipal de Resende. Da Câmara de Sintra esteve presente o Sr. Vice-Presidente, Dr. Marco Almeida. Mais uma vez, Manuel do Rosário, o líder da comunidade resendense aqui radicada e pessoa influente junto das instituições locais, aproveitou a presença deste autarca para pedir o empenhamento da Câmara de Sintra no acompanhamento do processo do projecto da construção da tão ansiada sede da Casa de Resende, tendo informado os presentes dos obstáculos que se torna necessário ultrapassar. A tarde foi animada com a actuação da Banda União Mucifalense, de uma localidade próxima.
A Festa da Cereja é o principal evento da Casa de Resende que, no entender de Joaquim Pinto, presidente da direcção da Casa de Resende, ultrapassou este ano as expectativas, já que despoletou mais interesse do que é habitual. “Só é pena que sejam sempre os mesmos a dar o corpo ao manifesto na realização das várias actividades; é necessário, contudo, realçar a colaboração do Sr. Manuel do Rosário, que disponibiliza sempre alguns dos seus trabalhadores para montar o palco, as barracas e para outros afazeres”, rematou em jeito de balanço. Refira-se que, até ao fim do ano, irá ter lugar ainda o tradicional magusto, precedido de almoço, e a festa da consoada, que incluirá um almoço, uma tarde de teatro representado por jovens, entrega de prendas às crianças e lanche.

Inaugurada Rota dos Cerejais em S. João de Fontoura
Felizmente, as pessoas e as instituições do concelho estão cada vez mais a aproveitar as potencialidades da cereja, da Cereja de Resende, como uma marca distintiva do desenvolvimento económico. Resende é já uma referência a nível nacional por causa da cereja. Importa que o seja também pelos cerejais das nossas encostas, atraindo visitantes para verem in loco a paisagem deslumbrante das cerejeiras em flor ou carregadas de cerejas. O percurso pedestre da Rota dos Cerejais, da iniciativa da actual Junta de Freguesia de S. João de Fontoura, inaugurado no passado dia 10 de Junho, responde a esta necessidade, esperando-se que futuramente, em parceria com outras instituições, traga gente do concelho e sobretudo de fora .
A inauguração, que decorreu pelas 10h30, contou com a presença do Presidente da Câmara Municipal, António Borges, e dos Vereadores Dulce Pereira e Albano Santos. António Borges destacou “…a importância desta iniciativa que se insere no aproveitamento das potencialidades das cerejeiras e das cerejas, em que a mancha de S. João de Fontoura é a testa virada para o Douro, dando continuidade a um verdadeiro anfiteatro paisagístico em que se integram outras freguesias". Referiu também o facto de esta rota vir enriquecer outros percursos do concelho, como a rota do românico, dos miradouros, da cerejeira em flor, do Vale do Cabrum e outros percursos serranos, o que é muito positivo para o concelho. Por fim, elogiou a Junta de Freguesia de S. João de Fontoura, aproveitando a ocasião para dizer que nem tudo tem de ser feito pela Câmara Municipal. Fernando Manuel, Presidente da Junta, expressou a sua satisfação pela concretização da Rota dos Cerejais, esperando que seja devidamente aproveitada pelas populações e que constitua uma oportunidade para atrair pessoas que venham admirar as nossas paisagens, em que sobressaem os cerejeiras.
Seguiu-se a caminhada pelos trilhos devidamente assinalados, numa extensão de cerca de seis quilómetros, com passagem por S. João/Igreja, Alufinha, Porto de Rei, Solar de Porto de Rei, Praia Fluvial, Santinho, Nadais de Baixo e Largo da sede da Junta de Freguesia. Cerca de cem caminhantes tiveram oportunidade de admirar os pomares de cerejais e vinhedos, colher figos na passagem, refrescar-se e beber água em fontes, deslumbrar-se com as encostas e a visão do Douro, embrenhar-se por entre carreiros e escadas, deter-se na harmonia entre cães, gatos e galinhas confinados numa cerca, trocar olhares de contentamento com idosos nas varandas e às portas de casa, encher de vida (por minutos) a pacatez das aldeias, enfim, ver o que olhos apressados não vêem, experimentando a aventura e a resistência do corpo.
O grupo era diversificado, com pessoas de todas as idades (dos 10 aos 70 anos), sendo provenientes de S. João de Fontoura, de outras freguesias do concelho e de naturais residentes no Porto. Demonstraram estar todas em grande forma, pois fizeram a caminhada em menos de duas horas, quando a previsão da duração era de duas horas e meia. Foi pena que esta caminhada não tivesse acontecido mais cedo, com os cerejais no seu máximo esplendor, isto é, carregados de cerejas. Seguiu-se um almoço/convívio com porco no espeto, outros grelhados, broa e caldo verde.
Refira-se que esta Rota teve o acompanhamento técnico de Eduardo Lyon de Castro e Bruno Cardoso (www.opalternativas.com), de Vila de Rei, que prestaram apoio na selecção dos trilhos e caminhos, fizeram a sinalização e conceberam a documentação de informação e divulgação. A Junta de Freguesia compromete-se, a partir de agora, a proceder à sua manutenção e à preservação da sinalética. Em princípio, haverá duas caminhadas por ano e sempre que haja propostas de grupos interessados. Espera-se que esta Rota dos Cerejais, no quadro de uma cultura de educação para a saúde e de uma pedagogia do contacto com a natureza e do andar a pé, se torne uma actividade integrante de um programa alargado de cariz turístico em torno da Cereja de Resende, como marca capaz de atrair cada vez mais pessoas ao nosso concelho.


Facebook mobiliza Felgueirenses

Começou por uma brincadeira de Francisco de Almeida, um adolescente de 11 anos, filho do Enfermeiro Álvaro Matos Almeida. “Pai, e se formasse um grupo com gente de Felgueiras no facebook?”, perguntou. “Força, rapaz”, foi a resposta. Actualmente “administra” o grupo naturais e amigos de Felgueiras, que foi tendo forte adesão, sendo constituído presentemente por cerca de trezentas pessoas. É uma rede espalhada por Felgueiras, Porto, Lisboa, Brasil, Bélgica, isto é, pelos mais diversos locais onde estejam naturais, familiares e amigos desta freguesia, que vão dando notícias, trocando mensagens e fotos, contando histórias, recordando acontecimentos e sedimentando amizades.
Este grupo realizou o I Encontro em Felgueiras, nos passados dias 10 e 11 de Junho, o qual integrou uma componente cultural e de convívio. No dia 10, às 21h00, teve lugar um recital de piano (de cauda, trazido propositadamente de Famalicão) por José Veloso Rito, que interpretou obras de sua autoria (a quase totalidade), de Vittorio Monti, Chopin e Franz Listz. A seguir ao concerto foi servido um Porto de honra com cavacas de Resende. Devido à excelência da interpretação e à originalidade e melodia das músicas, foi um serão que encantou a numerosa assistência, que encheu as duas salas da antiga escola de Felgueiras. Refira-se que José Veloso Rito, engenheiro civil e professor, tem o curso de piano do Conservatório do Porto, apresentando-se em público com regularidade em recitais e concertos, quer no país, quer no estrangeiro. Embora nascido no Porto, está ligado à Quinta da Boavista (Paus) e a Felgueiras por razões familiares, tendo aqui passado muitas férias na sua juventude, que animou com o seu acordeão.
No dia 11 teve lugar um animado almoço/convívio, que reuniu muitos residentes de Felgueiras, mas também um grande número de naturais , familiares e amigos desta freguesia, que se deslocaram propositadamente de Lisboa, Porto e outros pontos do país, em que por uma tarde a amizade “virtual” foi substituída pela realidade do encontro, das palavras e dos afectos, tendo contribuído para firmar uma identidade própria.
*Elaboradas por Marinho Borges e publicadas no Jornal de Resende, número de Junho de 2011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

«A Sabedoria» - Um Livro do Pe. Paulo Alves*

Na Aula Magna do Instituto Piaget, em Viseu, teve lugar no dia 7 de Junho o lançamento do livro –«A Sabedoria - Definição, Multidimensionalidade e Avaliação» do Pe. Paulo Alves.
A apresentação de um livro e a sua colocação à disposição pública, (quando o fim não é essencialmente comercial), é sempre um ato de humildade pessoal, coragem inteletual e cedência cultural.
A cultura, o saber, a ciência e a sabedoria são património da comunidade e não reserva protegida dos seus detentores. Nestes termos é quase um dever imperativo partilhar e ceder à comunidade o saber por parte de quem o tem. As mil formas de o fazer têm o seu expoente máximo na apresentação em letra de forma e especialmente a sua publicação em livro.
Certamente assim pensou e por certo assim atuou o Pe. Paulo Alves ao publicar em livro a sua tese de doutoramento.
Padre da igreja católica, e natural de Penude, (terra fértil junto a Lamego) Paulo Alves é um dos expoentes promissores da Igreja Católica.
Após a sua ordenação em Agosto de 1986, foi pároco em Castro Daire, Vice Reitor do Seminário de Resende e agora Reitor do Seminário Maior de Lamego.
Em Castro Daire deixou marcas de apostolado, em Resende ficaram sinais vivos de estratégia pedagógica e gestão administrativa e em Lamego avultam já traços de renovação e rasgos de evolução metodológica na preparação de novos sacerdotes e utilização dos meios existentes.
É neste período e acumulando com a responsabilidade delegada e assumida que obtém a licenciatura em «Teologia» na Universidade Católica do Porto, mestrado em «Psicologia Pedagógica pela Universidade de Coimbra e agora o grau de Doutor em "Psicologia do Desenvolvimento" pela mesma Universidade.

À responsabilidade de Reitor do Seminário de Lamego junta presentemente a Regência Curricular de "Psicologia da Religião" na Universidade Católica, núcleo de Viseu e o de Professor Auxiliar no Instituto Piaget em Viseu onde coordena «o 1º ano da licenciatura em Psicologia» e «o 2º ciclo do Mestrado em Psicologia do Desenvolvimento».
Esta responsabilidade ativa não o impediu nem impede de acompanhar devidamente a formação dos alunos do seminário de Lamego, conhecendo e vivendo de cada um as suas capacidades, apetências ou problemas, como ainda também lhe deixou espaço como investigador, responsável por uma das áreas do «Centro Internacional de Investigação e Reflexão Transdiciplinar».
Este é o o Homem.
A obra chama-se -«A Sabedoria»-.
Como diria hoje Camões, sabedoria, imagine-a quem não puder entendê-la mas é melhor entedê-la do que imaginá-la.
Nas suas 322 páginas de pensamento corrido, sem contar mais 50 de anexos e índices, entramos pelos meandros ainda não desbravados das perspetivas teológicas, filosóficas e históricas da sabedoria ao longo dos séculos, da sua interpretação psicológica bem como da sua estrutura multidimensional.
«A Sabedoria», este livro do Pe. Paulo Alves não é mais um livro, mas « o livro» de análise cuidada, tema atual, investigação consistente e divulgação necessária onde encontramos e é testada pela primeira vez em Portugal uma Escala Sobre a Sabedoria (ESS) da sua autoria.
Uma tese de doutoramento é sempre um trabalho exaustivo de profundidade e investigação garantidas que atesta a capacidade, atualidade, e visão do seu autor.
Este livro não é uma mera produção de ideias, exposição de fatos ou devaneio mental, é um trabalho profundo, defendido em tese na sala dos Capelos da Universidade de Coimbra perante um juri qualificado e deveras exigente e a cujas asserções tive o grato prazer de assistir em 11 de Dezembro de 2009 e onde obteve a classificação máxima com «Distinção e Louvor».
Este livro e o seu autor entraram já na galeria das grandes referências do pensamento; ao integrar a coleção « Epigénese, Desenvolvimento e Psicologia» com o nº 105 e uma referência bibliográfica de mais de 300 autores, autor e obra emparceiram ao lado de ilustres pensadores mundiais da psicologia, evolução e desenvolvimento humano.
Se é verdade que a sabedoria está em todo lado e que «todas as culturas têm ou tiveram o seu ideal de sabedoria», é verdade também que ela é o problema central da condição humana que tem passado toda a sua existência na sua procura, aquisição, aprofundamento e evolução em constante caminhada ao longo de uma longa viagem sem termo nem descanso que todos percorremos e só alguns investigam e consolidam.
No gesto nobre de não esquecer na dedicação «todos aqueles com quem tenho aprendido», (e grande foi o número dos invocados), eu realço a ASEL que desde 2003 tão de perto com ele colaborou em Resende e a referência feita a sua mãe, pai e irmã, «pelo sentido de vida, pela sabedoria das coisas simples, pelo suor, pelo amor e pela fé», e foi por isso certamente também que viu a Aula Magna praticamente cheia de alunos, professores e amigos, entre os quais a honrosa presença dos Snrs. D. Jacinto Botelho, D. Ilídio Leandro e D. Manuel António, respetivamente bispos de Lamego, Viseu e S.Tomé e Princípe.
«Eu, sabedoria, habito com a prudência, possuo a ciência e a reflexão». (Prv. 8,12)
...Tal a profundidade deste livro...tal a preocupação do Pe. Paulo Alves a quem deixo o meu público louvor e sinceros parabéns.
*Adão Sequeira (Senhora da Hora, Junho 2011)
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