quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Ao jantar, no restaurante "Gentleman", com António Campos Barbosa, Presidente da Junta de Miomães*


“Ele é integralmente um gentleman”
Esta citação de Rebeca West, escrita na parede à direita, logo à entrada do restaurante, define e caracteriza o ambiente acolhedor, a arte de bem receber, o bom gosto e a qualidade da comida. Este novo Gentleman, capitaneado por Manuel Pedro Gomes, de decoração sóbria e de muito bom gosto, corporiza o conceito abrangente de restauração: pratos regionais, refeições para dias especiais, almoços muito económicos de preço fixo, pizas, massas e menus infantis, de entre outros destaques. Com bom tempo, poder-se-á desfrutar do espaço convidativo da esplanada.
António Barbosa escolheu bacalhau fresco com puré de feijão preto e crocante de caldo verde; eu escolhi o mesmo prato. Ambas as doses estavam excelentes, tendo contribuído para uma óptima refeição e uma agradável conversa.

Quem é o Presidente da Junta de Miomães
António Campos Barbosa nasceu a 14 de Setembro de 1960, em Freigil, sendo filho de Aires Barbosa e Elisa de Jesus. Tem oito irmãos (cinco raparigas e três rapazes), dos quais só dois residem no concelho (um em S. Cipriano e outro em Anreade). Os outros seis encontram-se “espalhados” por Gaia (dois), por Angola (um) , por Espanha (um) , por Lisboa (um), e por Viseu (um). Veio para Miomães quando se casou, tinha então vinte e três anos. Tem uma filha que é fisioterapeuta.
Fez a escola primária em Freigil. Veio a fazer o 9.º ano há relativamente poucos anos no âmbito das “Novas Oportunidades”. Desde pequeno ajudou os pais, que eram caseiros, na agricultura, tomando também conta do gado, o que continuou a fazer após a conclusão da 4.ª classe. Como o pai também se dedicava ao negócio do gado, acompanhou-o muitas vezes às feiras. Fazendo o balanço desses anos, considera que nunca se sentiu especialmente atraído por esta actividade, cujo acto de compra e venda integrava facetas de representação e jogo. Era necessária muita experiência para decidir qual o momento para fechar um bom negócio.
Após o casamento, ainda trabalhou na zona do Porto na área da construção civil e da agricultura.
Desde há vários anos dedica-se essencialmente ao negócio de madeiras. Compra árvores em Miomães e freguesias limítrofes. O que não é aproveitado para toros é transformado em lenha, que continua a vender-se razoavelmente bem. A sua maior preocupação nesta altura de crise é continuar a garantir o máximo de dias a dois trabalhadores que com ele colaboram.
Tem integrado listas para a eleição da assembleia de freguesia de Miomães desde 1997. Este é o primeiro mandato como presidente da junta, tendo sido eleito pelo PS.

O que tem feito na Junta de Miomães
O atendimento é feito às terças-feiras, quartas-feiras e domingos, de manhã, embora refira que está sempre disponível para dar resposta às solicitações dos cidadãos, quer se insiram no âmbito das competências da junta, quer tenham a ver com problemas que possa apoiar ou encaminhar para os serviços e entidades competentes. Para quem o deseje, a junta disponibiliza serviço de internet.
Tem dado particular atenção à limpeza das estradas e dos caminhos vicinais, tendo recorrido para o efeito a pessoas beneficiárias do rendimento social de inserção ou do subsídio de desemprego.
Alargou e cimentou muitos caminhos, lamentado que haja ainda várias casas na freguesia sem possibilidade de acesso de viaturas, ficando-se isso a dever, na maioria dos casos, à falta de autorização dos proprietários de terrenos confinantes.
Devido ao seu mau estado, procedeu a obras no edifício da junta, o qual foi beneficiado com um novo telhado.
Orgulha-se de ter colaborado na realização de diversos cursos de formação, designadamente de informática, e de qualificação escolar para atribuição do diploma do 9.º ano.
Tal como vem fazendo, irá continuar a envidar todos os esforços junto da Câmara Municipal para que todas as povoações tenham água ao domicílio e serviço de saneamento.

Respostas breves
1. Onde passou as últimas férias?
Nunca tive férias.
2. Compra preferencialmente português?
De preferência, sim; é sempre a minha primeira opção.
3. Quais os seus passatempos?
Gosto de jogar às cartas e ir ao Porto visitar a minha filha e neta.
4. Qual o momento mais feliz da vida?
Foi o nascimento da minha filha, a finalização do curso desta e o nascimento da minha neta.
5. E o mais triste?
A morte do meu pai.
6. Que faz para ultrapassar as “neuras”?
Fico comigo mesmo, dando tempo ao tempo e tentando encontrar uma solução.
7. Qual o seu prato preferido?
Anho assado.
8. Qual a obra mais necessária para o futuro do concelho de Resende que falta fazer?
A conclusão do saneamento e abastecimento de água a todas as povoações do concelho.
9. O que mais admira nos outros?
A determinação. Gosto de pessoas que saem fora da mediania, que estabelecem objectivos exigentes e os cumprem.
10. O que mais detesta nos outros?
A falsidade. Não gosto de pessoas que não são fiéis à palavra dada.
11. Qual é a festa que lhe dá mais gozo comemorar?
É o magusto/convívio organizado pela Junta de Freguesia.
12. Quais os locais do concelho para onde costuma ir passear?
Gosto especialmente do Penedo de S. João, Porto de Rei e Caldas de Aregos.
13. Tem algum objecto que guarda com particular predilecção?
Não.
14. De que mais se orgulha?
Da família que tenho e da forma como tenho exercido as funções de Presidente da Junta. Acho que as pessoas me respeitam e reconhecem o que tenho feito.
15. Quais as três obras mais importantes para o concelho feitas após o 25 de Abril?
De entre as muitas obras, destaco os centros comunitários de apoio aos idosos, o novo centro de saúde e os novos centros escolares.
16. Acredita que a construção da estrada Resende/Bigorne irá arrancar brevemente?
Sinceramente acho que não. As condições financeiras não o permitem.
17. O que é que acha que o Eng. António Borges irá fazer após a saída da Câmara Municipal?
Não posso adivinhar o que vai na cabeça dele.
18. Associa a palavra Resende a..?
Cerejas.
19. Chegou a levar reguadas na escola?
Sim. Levei algumas, mas não guardo rancor por isso.
20. Já foi multado por infracção ao código da estrada?
Sim; fui multado duas vezes.
21. Já alguma vez deu uma prenda que lhe tinha sido previamente oferecida?
Não.
22. Concorda que o Estado limpe as matas de quem não o fizer e mande a conta?
Acho que é uma questão difícil. As matas deveriam estar limpas, mas o próprio Estado como dono de muitos terrenos e florestas não dá o exemplo.
23. Que áreas deverão ser privilegiadas para criar emprego em Resende?
Acho que, com apoios, ainda é possível rentabilizar melhor as terras.
24. Refira dois nomes que mais contribuíram para o desenvolvimento de Resende?
Eng. António Borges e Dr. Brito de Matos.
25. É favorável à redução de autarquias, designadamente de freguesias?
Não. Acho que há outras medidas que permitem poupar mais dinheiro.
26. Tem argumentos para fixar os mais novos na freguesia de Miomães?
Espero que a revitalização de Caldas de Aregos venha a criar mais empregos.
27. De que mais gostou deste “novo” Gentleman?
Do visual e do atendimento.
*Apontamento de minha autoria, publicado no Jornal de Resende, número de Agosto de 2012

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Entrevista do Jornal de Resende ao Presidente do CDRC de S. Martinho de Mouros, Jorge Pereira

 Duas afirmações que merecem destaque nesta entrevista conduzida por Paulo Sequeira: “Não temos um único jogador a receber dinheiro” e “O sucesso deve-se à força de vontade de pouca mas boa gente”.
Já é oficial. O CDRC S. Martinho de Mouros vai participar no Campeonato Nacional da 3.ª Divisão de Futsal, série B, na época de 2012/2013, depois de ter aceite o convite da Federação Portuguesa de Futebol, em virtude do 2.º lugar obtido no campeonato distrital de Viseu, da Divisão de Honra.
Em entrevista ao Jornal de Resende (JR), Jorge Pereira (JP), presidente da direção do CDRC S. Martinho de Mouros, explica as causas do sucesso deste clube singular, fundado em 1989, na vila de S. Martinho de Mouros, que a partir da próxima época divulgará, ao mais alto nível, o nome do concelho de Resende no Campeonato Nacional de Futsal.
Perfil
Nome: Jorge Paulo de Melo Pereira

Idade: 36 anos
Estado Civil: Solteiro
Profissão: Engenheiro Civil
Tempos livres: Conviver com os amigos, jogar futebol e praticar ski

Jornal de Resende (JR): O CDRC S. Martinho de Mouros vai participar no Campeonato Nacional da 3.ª Divisão de Futsal, série B, na época de 2012/2013. A subida acabou por ser uma surpresa?
Jorge Pereira (JP): Não. Já havia essa intenção embora nestas coisas não existam certezas absolutas. No entanto, o nosso principal objetivo passava pela conquista da Taça de Futsal da Associação Distrital de Viseu.

JR: Mas se calhar na época de 2011/2012 falou-se menos em subida de divisão do que em épocas anteriores...
JP: Em épocas anteriores tivemos equipas com muitos e bons jogadores do concelho, que falavam constantemente na subida pelos lugares públicos que frequentavam, logo, era mais divulgado. Nesta época foi criada uma nova mentalidade, sem grandes euforias com grande humildade o que contribuiu para que se falasse menos em subida de divisão. Tudo isto se deve ao grande trabalho desenvolvido pelo Ferro o nosso Treinador.

JR: O clube, fundado em 1989, teve como modalidade de eleição inicial o Futebol de 11 até 2004/2005, época em que apareceu o Futsal. A partir daí, participou por 7 vezes na Divisão de Honra do Campeonato Distrital de Futsal de Viseu, sempre com bons resultados, tendo obtido a sua melhor classificação na época passada, o que lhe permitiu a subida de divisão. É a concretização de um velho sonho?
JP: É o culminar de um sonho de muitas pessoas e de muitos anos. É, também, uma grande prenda para quem anda no clube há muito tempo, pois este é um trabalho que vem de longe, nomeadamente dos treinadores que deixaram aqui bons métodos de treino…

JR: A equipa do ano passado ficou em 2.º lugar, com 53 pontos, a 1 ponto do Rio de Moinhos, tendo obtido 16 vitórias, 5 empates e 5 derrotas (111 golos marcados e 63 sofridos). Como define essa equipa?
JP: Grandiosa Equipa!... Pessoalmente, penso que foi a melhor equipa que o clube teve e ficará para sempre ligada a este grande momento do clube.

JR: A que se deve(u) este sucesso?
JP: O sucesso deve-se à força de vontade de pouca mas boa gente. À união, à garra e ao bairrismo das gentes de S. Martinho de Mouros. À equipa de futsal, que é uma família, um grupo de amigos, grande parte deles naturais da terra. Queria realçar que não temos um único jogador a receber ordenado. Todos eles jogam porque gostam da modalidade, do clube e de S. Martinho de Mouros. Para mim são uns heróis…

JR: Esse “amor à camisola” é para manter na 3.ª Divisão?
JP: Sem dúvida. Vamos manter a estrutura da equipa, havendo apenas a saída de dois ou três jogadores que emigraram à procura de trabalho e de melhores condições de vida. Estamos, também, em conversações com dois atletas que jogaram na 1.ª Divisão Nacional e que gostavam de jogar na nossa equipa, apesar de saberem que não receberão ordenado…

JR: Quais são os grandes objetivos para a próxima época?
JP: A manutenção, apesar de sabermos que será extremamente difícil. Só para se ter uma ideia, vamos participar numa das séries mais difíceis da 3.ª Divisão, a série B, competindo com equipas como o Leça, o Lourosa, o Gondomar, o Lamas e o Alpendorada que ainda recentemente disputava a 1.ª Divisão.

JR: Para uma participação nos nacionais são necessários (mais) apoios...
JP: Em termos institucionais temos tido apenas o apoio da Câmara Municipal de Resende, quer em termos logísticos, quer em termos financeiros. Depois temos a ajuda de alguns patrocinadores, que, por incrível que pareça, são de fora do concelho. Esperamos reverter essa situação, até porque constituímos um bom veículo de promoção e de divulgação.

JR: Qual foi o orçamento da época anterior?
JP: Cerca de 15 mil euros.

JR: O apoio dos sócios e simpatizantes tem sido importante?
JP: Sim. Temos, atualmente, cerca de 200 sócios. Muitos deles estão fora e não têm oportunidade de nos acompanhar, depois resta-nos aqueles poucos mas bons que vão ver os nossos jogos... Vamos tentar levar mais gente aos jogos e esperar que as nossas mentes se apercebam do trabalho que este clube vem a fazer em nome da nossa terra.

JR: Como farão isso?
JP: Vamos tentar angariar mais sócios, até porque o podem ser por apenas 10 euros, e apostar, ainda mais, nas novas tecnologias de comunicação. Vamos desenvolver um novo site (http://smmfutsal.com.sapo.pt) para que os sócios e simpatizantes possam estar ao corrente de toda a atividade do clube, até porque há uma grande comunidade de São Martinhenses a trabalhar e residir no estrangeiro e que gostam de saber notícias do clube da sua terra.

JR: Porque é que acabou a formação no clube?
JP: Deixamos de ter camadas jovens por causa dos custos financeiros. O clube precisa de estar estável para estar bem. Se calhar foi esse o sucesso desta época.

JR: Entretanto apareceu em S. Martinho de Mouros a escola de futebol/futsal “Os Afonsinhos”…
JP: Achamos que “Os Afonsinhos”, que estão a trabalhar muito bem, deveriam estar unidos ao nosso clube. Se começamos a dividir as coisas os resultados nunca serão os melhores…

JR: Nos últimos três anos em que esteve à frente do CDRC S. Martinho de Mouros, o que ou quem gostaria de destacar pela positiva?
JP: Queria entre outras coisas destacar duas pessoas. O Pedro Carvalho, o nosso capitão da equipa e membro da direcção, é sem dúvida o motor deste clube e está presente em tudo o que é necessário. O Jorge Aníbal… grande jogador… o verdadeiro exemplo de um desportista, um talento do concelho, um grande admirador deste clube.
E claro um agradecimento muito especial a todo o grupo de trabalho que foi fantástico e que dedica este grande êxito ao amigo e antigo membro da direção Nelo Xavier.

JR: … e pela negativa?
JP: A nossa Junta de Freguesia que não nos apoiou em nada e que até hoje não teve uma palavra de reconhecimento pelo nosso bom trabalho.

JR: Que jogos de preparação estão previstos?
JP: A pré-época vai começar no dia 13 de agosto e, até ao primeiro jogo oficial da Taça de Portugal de Futsal, em outubro, vamos realizar 7 jogos de preparação: com o Freixieiro, no Torneio “Cidade de Baião” (dia 19), em Baião; com o Castro Daire (dia 25), em S. Martinho de Mouros; novamente com o Freixieiro na apresentação da equipa aos sócios (dia 2); com o Miramar (dia 15), em S. Martinho de Mouros; com o Viseu 2001 (dia 22), em Viseu; e com o Tabuaço (dia 29), em S. Martinho de Mouros.

JR: Quais são os primeiros jogos oficiais do CDRC S. Martinho de Mouros na época 2012/2013?
JP: Começamos a disputar a Taça de Portugal de Futsal, em casa, defrontando o Pinheirense, no dia 6 de outubro. Para o campeonato, na 1.ª jornada, vamos jogar novamente com o Pinheirense, no dia 13 de outubro, e recebemos na 2.ª jornada os Amigos Abeira Douro, da Régua, no dia 20 de outubro.
*Entrevista publicada no Jornal de Resende, número de Agosto de 2012
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