segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Ao jantar, no restaurante “Gentleman”, com o Presidente da Junta de Barrô, Francisco Tuna*

 Esta citação de Rebeca West, escrita na parede à direita, logo à entrada do restaurante, define e caracteriza o ambiente acolhedor, a arte de bem receber, o bom gosto e a qualidade da comida. Este novo Gentleman, capitaneado por Manuel Pedro Gomes, de decoração sóbria e de muito bom gosto, corporiza o conceito abrangente de restauração: pratos regionais, refeições para dias especiais, almoços muito económicos de preço fixo, pizas, massas e menus infantis, de entre outros destaques. Com bom tempo, poder-se-á desfrutar do espaço convidativo da esplanada.
Francisco Tuna escolheu polvo à lagareiro; eu escolhi o mesmo prato. Ambas as doses estavam uma delícia, tendo contribuído para uma ótima refeição e uma agradável conversa.

Quem é o Presidente da Junta de Barrô
Francisco da Silva Pereira Tuna nasceu a 19 de junho de 1954, em Valonguinho, Barrô, sendo filho de António Pereira Tuna e de Berta da Silva Almeida. Tem cinco irmãos (dois rapazes e três raparigas), dos quais quatro residem no concelho.
Frequentou a escola de Vilar, numa sala com poucas condições por cima de uma adega, onde completou a 4.ª classe. Após o respetivo exame de admissão, deu entrada no Seminário de Godim/Régua, da Congregação dos Missionários Espiritanos, onde fez o antigo 2.º ano. Transitou seguidamente para o Seminário de Fraião/Braga, que abandonou no fim do ano letivo, por não ter vocação para o sacerdócio. A fim de poder continuar os estudos, rumou para casa de uma tia a residir no Porto, o que lhe permitiu frequentar o Colégio de Gaia, onde fez os antigos 5.º e 7.º anos, correspondentes aos atuais 9.º e 12.º anos.
Com o diploma do ensino secundário, mas sem perspetivas de trabalho, retornou a Barrô, para casa dos pais, onde permaneceu três anos. Refira-se que, devido ao fim das guerras coloniais, não cumpriu serviço militar.
Após este período, encontrou trabalho no Porto, tendo entrado para os escritórios da empresa “JJ Gonçalves”, concessionária da Austin, onde permaneceu quatro anos.
Seguidamente, e com vinte e sete anos, ingressou nos quadros da dependência de Resende do Banco Fonsecas & Burnay, onde trabalhou dezasseis anos. A sua saída deveu-se à diminuição dos recursos humanos, motivada pela informatização da banca. Foi então convidado para prestar serviço noutras dependências, bastante distantes de Resende, o que não lhe agradou. Pediu por isso a passagem à reforma, o que foi aceite pelo banco.
Desde então, ou seja desde 1997, dedica-se à agricultura em terras que herdou e em outras que comprou. Nunca se arrependeu de ter tomado esta opção, pela liberdade e independência que o campo dá, cuja vivência experimentou desde pequeno, já que os seus pais foram caseiros e pequenos proprietários agrícolas.
Desde há muitos anos que mantém uma atividade cívica, acompanhando iniciativas de cariz comunitário, designadamente as corporizadas pela Associação Recreativa e Cultural de Barrô, cujos corpos sociais integrou durante cerca de trinta anos, e pelo Rancho Folclórico de Santa Maria de Barrô, de cuja direção fez parte durante três mandatos.
Integrou a Assembleia de Freguesia durante vários anos. Como Presidente da Junta cumpre atualmente o terceiro mandato.
É casado, tem dois filhos e vive na freguesia de Barrô.

O que tem feito na Junta de Barrô
Do que mais se orgulha é da cobertura da rede de abastecimento de água e de saneamento, que beneficia mais de 80% da população residente em Barrô, o que só foi possível com o grande empenhamento do atual Presidente da Câmara.
Arranjou diversos caminhos públicos e vicinais, alguns dos quais alcatroou ou revestiu com betonilha. Tem procedido à limpeza dos mesmos. À exceção de Coroinha, todas as aldeias têm acesso a viaturas.
Fez obras na zona envolvente da sede da Junta. Procedeu à pintura do interior do edifício e adquiriu diverso mobiliário, um computador, um aparelho de fax e uma fotocopiadora.
Colocou água no cemitério, ampliou a rede elétrica do mesmo e arranjou o acesso às campas.
Apoiou várias obras da responsabilidade da paróquia, designadamente levadas a efeito na igreja, capelas e salão. Tem promovido uma semana cultural por altura das festas de Santa Maria de Barrô, constituindo uma oportunidade para dar a conhecer a cultura local e valorizar a criatividade das suas gentes. Em parceria com a paróquia, tem apoiado a ceia de Natal e o passeio anual dos idosos.
À exceção do ano passado, tem organizado um magusto para a população.
O atendimento é feito às segundas-feiras, quintas-feiras e sábados Para quem o deseje, a junta disponibiliza serviço de internet.

Respostas breves

1. Onde passou as últimas férias?
No ano passado não tirei férias.

2. Compra preferencialmente português?
Sim; faço questão nisso.

3. Quais os seus passatempos?
Passear, ler e pescar.

4. Qual o momento mais feliz da vida?
O casamento e o nascimento dos filhos.

5. E o mais triste?
A morte dos pais.

6. Que faz para ultrapassar as “neuras”?
Tento esquecer, indo até ao campo ou à pesca.

7. Qual o seu prato preferido?
Embora seja um bom garfo e goste de muitos pratos, elejo o cozido à portuguesa e a feijoada.

8. Qual a obra mais necessária para o futuro do concelho de Resende que falta fazer?
A ligação à variante de acesso à A4 e a estrada de Resende a Bigorne.

9. O que mais admira nos outros?
A honestidade e a sinceridade.

10. O que mais detesta nos outros?
A falsidade.

11. Qual é a festa que lhe dá mais gozo comemorar?
O Natal.

12. Quais os locais do concelho para onde costuma ir passear?
Não me canso de passear por terras de Barrô.

13. Tem algum objeto que guarda com particular predileção?
Um relógio do meu pai.

14. De que mais se orgulha?
Dos filhos e da forma como procurei educá-los.

15. Quais as três obras mais importantes para o concelho feitas após o 25 de Abril?
A ponte da Ermida, os Centros Escolares e a realização da festa da cereja, que deu a conhecer o nome de Resende. Esta foi uma aposta do atual Presidente da Câmara que merece aplausos.

16. Acredita que a construção da estrada Resende/Bigorne irá arrancar brevemente?
Não será seguramente para breve.

17. O que é que acha que o Eng. António Borges irá fazer após a saída da Câmara Municipal?
Provavelmente irá dedicar-se ao exercício profissional como engenheiro.

18. Associa a palavra Resende a...?
Cerejas e cavacas.

19. Chegou a levar reguadas na escola?
Sim. Levei algumas. Na altura, ficava um pouco revoltado. Hoje até reconheço que algumas eram merecidas.

20. Já foi multado por infração ao código da estrada?
Sim; fui multado duas ou três vezes.

21. Já alguma vez deu uma prenda que lhe tinha sido previamente oferecida?
Não.

22. Concorda que o Estado limpe as matas de quem não o fizer e mande a conta?
Custa-me a concordar, pois o Estado é o primeiro a prevaricar.

23. Que áreas deverão ser privilegiadas para criar emprego em Resende?
Acho que se devem explorar as potencialidades de Caldas de Aregos. Também me parece que, com planeamento e organização, há setores da agricultura que podem ser rentabilizados.

24. Refira dois nomes que mais contribuíram para o desenvolvimento de Resende?
Eng. António Borges.

25. É favorável à redução de autarquias, designadamente de freguesias?
Não. As freguesias comportam uma identidade que tem de ser preservada. A poupança com o encerramento não compensa, pois é uma gota no oceano.

26. Tem argumentos para fixar os mais novos na freguesia de Barrô?
Como já disse, as possibilidades relacionadas com o campo e a agricultura não se encontram esgotadas.

27. De que mais gostou deste “novo” Gentleman?
Do ambiente, da comida e da decoração.

*Apontamento da autoria de Marinho Borges, publicado no Jornal de Resende, número de Outubro de 2012

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Dois investidores estrangeiros dão novo fôlego à histórica Quinta de Covela/Baião


 VINHOS QUE DEIXARAM SAUDADES ENTRE OS ENÓFILOS RENASCEM ESTE ANO

O sonho e a paixão voltaram à Quinta de Covela. Acreditando na qualidade e potencial dos vinhos portugueses, dois investidores estrangeiros deixaram-se render pela beleza da propriedade - e pela qualidade dos vinhos Covela.
A Quinta de Covela, debruçada sobre o rio Douro nas terras graníticas do Entre-Douro-e-Minho, está a viver um novo fôlego, alimentado pela paixão de dois investidores estrangeiros: o brasileiro Marcelo Lima e o inglês Tony Smith. Em Julho de 2011, os dois amigos compraram a quinta por cerca de 3 milhões de euros. Agora, um ano mais tarde, e depois de uma série de investimentos, os novos proprietários já fizeram a primeira vindima. E a expectativa em relação à qualidade dos vinhos é elevada.
É o renascimento de uma das mais bonitas quintas de Entre-Douro-e-Minho. Voltada para o rio Douro, Covela situa-se na transição entre o granito minhoto e o xisto do território duriense. Localizada num anfiteatro exposto a sul, na margem direita do rio, a propriedade estende-se ao longo de 34 hectares, povoados de vinhas (14 hectares), bosques mediterrânicos, hortas e pomares murados. Dispõe também de três modernas moradias, adega, duas casas de quinta e diversas ruínas, nas quais se incluem a fachada da antiga casa solarenga da propriedade, do século XVI, e uma capela dedicada a Santa Quitéria. Os novos proprietários pretendem estudar o legado histórico existente e transformar as velhas ruínas num centro de receção e visitas.
A atual Quinta de Covela resultou da junção de duas propriedades: a original, que pertenceu à família da mulher do cineasta Manoel de Oliveira, e a Quinta dos Casaínhos, adquirida pelo realizador no final dos anos 30 para juntar ao dote da futura esposa, Maria Isabel Brandão Carvalhais. A casa onde o casal Oliveira passava temporadas tem uma das mais formidáveis vistas sobre toda a quinta. Com um jardim romântico contíguo, todo o sítio vai agora ser objeto de uma intervenção que lhe devolverá o caráter e beleza originais. Nos anos 50 do século passado, Manoel de Oliveira redesenhou e mandou reabilitar o edifício onde hoje funciona a adega e também as duas casas da propriedade que lhe são contíguas.
No final dos anos 80, a quinta foi vendida ao empresário Nuno Araújo. Em 2006, após uma aposta inicial na vinha e nos vinhos - que foram ganhando uma crescente notoriedade nacional e internacional -, o empresário avançou com um grande investimento imobiliário na quinta, aproveitando a sua fantástica localização. O projeto previa a construção de 12 moradias de luxo destinadas ao mercado britânico. Nuno Araújo ainda conseguiu construir três moradias, mas o eclodir da crise financeira ditou o fim do projeto.
Em 2010, quando passava um fim de semana no hotel Fasano, no Rio de Janeiro, Marcelo Lima conheceu por acaso dois empresários portugueses que o informaram que a Covela iria a leilão. Esse encontro acabou por mudar o rumo desta quinta e juntar Lima e Smith numa grande aventura.
Lima é economista e acionista do grupo brasileiro Artesia, com interesses em várias áreas, desde a refrigeração comercial (possui a Metalfrio, a segunda maior empresa do mundo no ramo), ao vestuário (marcas Le Lis Blanc, Bo-Bô e Johnjohn) e à banca (C1 Bank na Florida, EUA), faturando anualmente cerca de 2,2 mil milhões de reais. Lima é também fazendeiro, com propriedades no Estado de Minas Gerais. Smith é jornalista, com ligações a Portugal desde 1988. Trabalhou vários anos em Portugal como correspondente e editor e depois seguiu para o Brasil. Conheceu Lima em 2000, quando era correspondente do New York Times, em São Paulo.
Os dois eram enófilos e gostavam muito de Portugal. “Quando bebíamos um copo juntos, na brincadeira sempre dizíamos: um dia havemos de fazer vinho juntos”, recorda Tony Smith. Entre 2006 e 2010, os dois amigos visitaram várias propriedades à venda em Portugal, desde o Alentejo ao Douro, em busca de uma onde pudessem concretizar esse sonho. Até que surgiu a hipótese da Covela. Smith, representante da editora Condé Nast no Brasil, regressou a Portugal e gere in loco a quinta.

Covela reforça aposta na qualidade dos vinhos

No último ano, os novos proprietários readmitiram a antiga equipa de colaboradores e as obras de recuperação têm dinamizado o mercado local de serviços. Entregaram novamente a responsabilidade pelos vinhos ao enólogo Rui Cunha, que estava envolvido no projeto Covela desde o início, renovaram a adega, recuperaram vinhas, muros e armazéns. A recuperação das vinhas está a ser feita de acordo com os princípios da agricultura orgânica. A revolução em curso na Covela não fica por aqui: os novos proprietários plantaram também hortas e mais árvores de fruto, reconstruíram um antigo moinho de água e estão a recuperar represas e aquedutos de pedra concebidos por Manoel de Oliveira.
Nos vinhos, os planos passam por reforçar a presença das castas nacionais como o Avesso e o Arinto. A produção dos tintos e dos rosés que a quinta já comercializava irá manter-se, mas a ideia é ir aumentando a quota de brancos, respeitando o estilo e o caráter que tornaram famosos os vinhos de Covela. Vinhos secos de forte personalidade e cheios de frescura. Em 2008, o jornalista e crítico britânico Jamie Goode, autor do conceituado blogue de vinhos Wineanorak, elegeu o Covela Grande Escolha tinto 2005 como um dos 50 melhores vinhos portugueses. “Para nós, este é um ano piloto, mas toda a equipa esta trabalhando para produzir os vinhos de elevada qualidade de sempre”, conclui Smith. O sonho e paixão voltaram à Quinta de Covela.

Mais informações:

Celeste Pereira – celestepereira@greengrape.pt - Tlm. 939312449

Carina Silva – carinasilva@greengrape.pt - Tlm. 936825649

Greengrape – Rua Fundo do Povo, n.º 6 – 5000-051 Vila Real

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