quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Ao jantar, no restaurante “Gentleman”, com o Presidente da Junta de S. Cipriano, Orlando Sequeira*


Esta citação de Rebeca West, escrita na parede à direita, logo à entrada do restaurante, define e caracteriza o ambiente acolhedor, a arte de bem receber, o bom gosto e a qualidade da comida. Este novo Gentleman, capitaneado por Manuel Pedro Gomes, de decoração sóbria e de muito bom gosto, corporiza o conceito abrangente de restauração: pratos regionais, refeições para dias especiais, almoços muito económicos de preço fixo, pizas, massas e menus infantis, de entre outros destaques. Com bom tempo, poder-se-á desfrutar do espaço convidativo da esplanada.
Orlando Sequeira escolheu polvo à lagareiro; eu escolhi o mesmo prato. Ambas as doses estavam uma delícia, tendo contribuído para uma ótima refeição e uma agradável conversa.

Quem é o Presidente da Junta de S. Cipriano
Orlando Aires Sequeira nasceu a 11 de dezembro de 1954, em Nogueira, S. Cipriano, sendo filho de Vitorino Sequeira e de Ernestina da Conceição. Tem três irmãos (dois rapazes e uma rapariga), que residem no concelho, à exceção da irmã, que vive em Gaia.
Teve uma infância difícil em que o dinheiro não abundava. Começou a ajudar nos campos e a tomar conta do gado desde tenra idade, pois os pais (felizmente ainda vivos) eram caseiros. Continuou com estas tarefas durante os quatro anos em que frequentou a escola primária, trabalhando antes de ir para as aulas e após o regresso das mesmas. Quanto à alimentação, era muito frugal, baseada fundamentalmente no que a terra dava. Como era o mais velho, muitas vezes teve de dividir com a irmã uma única sardinha. Tendo em conta as dificuldades por que passou, é com orgulho que avalia o seu percurso de vida.
Com treze anos começou a trabalhar na construção civil, cujo patrão era um familiar. Quando perfez dezoito anos, achou que já tinha adquirido conhecimentos suficientes e abalançou-se a trabalhar por conta própria, tornando-se um pequeno empreiteiro. Aos vinte e dois anos, foi para França, onde trabalhou como operário da construção civil durante um ano, na situação de “clandestino”. Algum tempo após o regresso, foi para Gaia, onde ingressou na empresa “Agripan”, na qual esteve cerca de dois anos. Depois, foi para motorista de uma empresa que fazia o transporte de frutas do Algarve para o Porto, tendo nela permanecido um ano. Com vinte e seis anos, mudou-se para a firma distribuidora de bebidas “Costa Pina & Vilaverde”, ficando com a responsabilidade da área de Gaia e Porto.
Entretanto, durante ano e meio, perspetivando o casamento, foi aproveitando os fins de semana que vinha passar a S. Cipriano para aqui fazer uma habitação. Veio a casar em julho de 1982, tinha então vinte e oito anos. Em março desse mesmo ano, tinha conseguido entrar na empresa de transporte de passageiros “Soares & Oliveira”, integrada atualmente na holding “Joalto Transdev”, onde ainda continua como motorista. A mulher ficou à frente do café, que montou no rés do chão da casa, situação que se mantém.
Na senda do pai, que foi músico d’ “A Velha” durante mais de cinquenta anos, entrou para esta banda aos onze anos, que teve de abandonar definitivamente quando ingressou na empresa “Soares & Oliveira”, por incompatibilidade de horários.
Cumpre o segundo mandato como presidente da junta. Anteriormente tinha integrado a assembleia de freguesia durante três mandatos, sempre em listas do PS. Tem dois filhos (uma rapariga e um rapaz).

O que tem feito e espera fazer na Junta de S. Cipriano
Para além do atendimento à população, que é efetuado às quartas-feiras, das 14h00 às 16h00, e do acompanhamento diário ao expediente, tem procurado manter a limpeza dos caminhos públicos, alguns dos quais foram arranjados e alargados, e dado cumprimento a outras competências inerentes às juntas de freguesia, como a conservação e gestão do cemitério.
Relativamente ao edifício da junta, procedeu à pintura dos espaços interiores e dotou-a dos seguintes equipamentos: três computadores, uma fotocopiadora, duas impressoras, disponibilizando serviço Net a quem o desejar.
Foi um dos grandes dinamizadores do conceito e do projeto relativo ao centro cultural, que veio a ser concretizado pela Câmara Municipal, tendo a inauguração tido lugar em 11 de dezembro de 2011.
Contribuiu para a concretização do projeto do centro escolar, pois os terrenos para a respetiva implementação pertenciam à junta de freguesia.
Colaborou na construção da sede da banda de música “A Nova” através da oferta de materiais.
Tem subsidiado as duas bandas de música e os dois grupos de cantares e de folclore da freguesia.
Adquiriu terrenos do monte do Senhor dos Aflitos, com um programa de pagamentos faseado, cuja escritura está prevista para breve, onde com o apoio da Câmara Municipal projeta construir um espaço de estacionamento e um outro de lazer, incluindo um parque de merendas.
Pretende instituir um fim de semana (em princípio, o primeiro fim de semana de dezembro) dedicado à herança cultural das duas bandas de música, ao seu percurso e à memória dos seus antigos músicos, maestros e colaboradores, com a participação ativa de jovens músicos e professores de música, através de um programa que integrará concertos e a exposição de fotografias e de objetos ligados às bandas.

Respostas breves

1. Onde passou as últimas férias?
Nunca tive férias.

2. Compra preferencialmente português?
Sim. E se puder comprar em Resende, não compro em Lamego.

3. Quais os seus passatempos?
São passados a ajudar no café.

4. Qual o momento mais feliz da vida?
O casamento e o nascimento dos filhos.

5. E o mais triste?
Felizmente é-me difícil referir um acontecimento particularmente triste.

6. Que faz para ultrapassar as “neuras”?
Resguardo-me.

7. Qual o seu prato preferido?
De bacalhau (seja qual for a receita).

8. Qual a obra mais necessária para o futuro do concelho de Resende que falta fazer?
A estrada 222-2, ligando Resende a Bigorne.

9. O que mais admira nos outros?
A honestidade e a sinceridade.

10. O que mais detesta nos outros?
A falsidade e a hipocrisia.

11. Qual é a festa que lhe dá mais gozo comemorar?
O Natal, por ser a festa da família.

12. Quais os locais do concelho para onde costuma ir passear?
Não tenho muito tempo para passear.

13. Tem algum objeto que guarda com particular predileção?
Não.

14. De que mais se orgulha?
Dos filhos.

15. Quais as três obras mais importantes para o concelho feitas após o 25 de Abril?
A ponte da Ermida, o centro de saúde, os centros comunitários e os centros escolares.

16. Acredita que a construção da estrada Resende/Bigorne irá arrancar brevemente?
Não, mas tenho fé que um dia seja concretizada.

17. O que é que acha que o Eng. António Borges irá fazer após a saída da Câmara Municipal?
O que lhe posso dizer é que continuará a ter um papel importante no desenvolvimento do nosso concelho, lutando pelo bem da nossa terra.

18. Associa a palavra Resende a...?
Cerejas, cavacas.

19. Chegou a levar reguadas na escola?
Levei algumas, mas não guardo qualquer rancor aos professores.

20. Já foi multado por infração ao código da estrada?
Sim.

21. Já alguma vez deu uma prenda que lhe tinha sido previamente oferecida?
Não.

22. Concorda que o Estado limpe as matas de quem não o fizer e mande a conta?
Concordo, mas o Estado devia primeiro dar o exemplo, zelando melhor pelo que é seu, ou seja, de todos nós.

23. Que áreas deverão ser privilegiadas para criar emprego em Resende?
O ideal seria apostar na indústria, mas é complicado. No entanto, acho que as potencialidades das Caldas de Aregos ainda não se encontram devidamente exploradas.

24. Refira dois nomes que mais contribuíram para o desenvolvimento de Resende?
Eng. António Borges.

25. É favorável à redução de autarquias, designadamente de freguesias?
Sou contra, sobretudo nos meios rurais, pois a sua concretização compromete seriamente a ligação às populações e conduz à diluição das identidades territoriais e das especificidades culturais.

26. Tem argumentos para fixar os mais novos na freguesia de S. Cipriano?
Mesmo assim admira-me como ainda há tanta gente na freguesia. Os mais novos bem querem cá ficar, mas reconheço que as coisas estão complicadas.

27. De que mais gostou deste “novo” Gentleman?
Da simpatia, do atendimento, da qualidade da comida e da decoração.

*Apontamento de Marinho Borges, publicado no Jornal de Resende, número de Novembro de 2012
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