terça-feira, 19 de junho de 2012

Ao almoço, no restaurante "Gentleman", com Fernando Manuel, Presidente da Junta de S. João de Fontoura*


Ele é integralmente um gentleman”
Esta citação de Rebeca West, escrita na parede à direita, logo à entrada do restaurante, define e caracteriza o ambiente acolhedor, a arte de bem receber, o bom gosto e a qualidade da comida. Este novo Gentleman, capitaneado por Manuel Pedro Gomes, de decoração sóbria e de muito bom gosto, corporiza o conceito abrangente de restauração: pratos regionais, refeições para dias especiais, almoços muito económicos de preço fixo, pizas, massas e menus infantis, de entre outros destaques. Com bom tempo, poder-se-á desfrutar do espaço convidativo da esplanada.
É um óptimo espaço para quem quiser fazer da refeição um agradável encontro de conversa, como aconteceu com Fernando Manuel

Quem é o Presidente da Junta de S. João de Fontoura
Fernando Manuel nasceu em S. João de Fontoura, a 3 de Março de 1941, sendo filho de mãe e pai incógnitos. É uma situação pouco comum, mas que assume sem quaisquer complexos. O marido daquela que viria a ser a sua mãe emigrou para o Brasil de onde nunca mais voltou. Além dos 5 filhos “legítimos”, a mulher que por cá ficou veio a ter mais dois. Como continuava casada, a legislação da altura não permitia o perfilhamento de outros relacionamentos da mãe. Fernando Manuel teve assim de ser registado como filho de pai e mãe incógnitos, tendo sido criado pela a mãe com os meio-irmãos.
Esteve matriculado nas escolas de Alufinha, Ferreira e Corgo, cuja frequência lhe permitiu fazer a 3.ª classe. A 4.ª classe foi efectuada mais tarde, em Tancos, na tropa. Começou a trabalhar com cerca de 13 anos no Douro (na Quinta de Murça/Covelinhas), tendo a seu cargo a responsabilidade de tratar e guardar uma junta de bois, que fazia o transporte das pipas de vinho da quinta, tendo aqui permanecido cerca de dois anos. Longe de casa e farto da vida de criado, voltou para S. João de Fontoura, tendo sido aprendiz de pintor e trolha com os mestres Alfredo e Delfim Borges, de Paus, durante 3 anos. Com 18 anos, foi trabalhar para a Companhia do Cobre, em Contumil/Porto, onde colaborou na produção de fios eléctricos.
Após uma adolescência de trabalho duro, veio o serviço militar, cuja recruta foi feita no Regimento de Infantaria 1, na Amadora, e a especialidade (de atirador), em Tancos. Aqui permaneceu cerca de 21 meses, dezoito dos quais como sacristão da capelania militar. Finda a tropa, com cerca de 23 anos, pediu para ingressar na GNR e na então Guarda Fiscal. Foi admitido na GNR, tendo feito a instrução no Porto. Prestou serviço como militar desta corporação em Lisboa, durante dois anos e meio, e em Arouca, durante cerca de três anos.
Com perto de 30 anos, emigrou para França, onde trabalhou dois anos. Seguidamente, rumou para Genebra (Suíça), onde inicialmente trabalhou na agricultura e depois num hospital psiquiátrico. Após vinte anos no estrangeiro, resolveu retornar a S. João de Fontoura para cuidar das terras que foi adquirindo.
É casado e tem dois filhos, um dos quais vive consigo e o outro vive na Suíça, onde é engenheiro mecânico.
Cumpre o 2.º mandato como presidente da Junta de Freguesia de S. João de Fontoura, tendo encabeçado em ambas as vezes uma lista de independentes. Anteriormente, integrara, como eleito pelo PS, três Assembleias de Freguesia em que o PSD era a força maioritária. A participação numa lista de independentes deveu-se ao facto de ter recusado integrar, como número dois, uma lista do PS, encabeçada por Manuel Pinto Ferro, vindo do PSD. Na primeira experiência, em 2005, bateu-se com mais duas listas (PS e PSD). Nas eleições de 2009, enfrentou apenas a lista do PS, tendo a sua lista de independentes sido apoiada pelo PSD concelhio.

O que fez na Junta de Freguesia de S. João de Fontoura
Para além do atendimento à população, que é efetuado às quartas-feiras, das 18h00 às 20h00, e aos domingos, das 10h00 às 13h00, da limpeza dos caminhos públicos e do cumprimento de outras competências inerentes às juntas de freguesia, como a conservação e gestão do cemitério, a Junta de Freguesia de S. João de Fontoura tem procurado implementar um conjunto de acções, iniciativas e projectos inovadores a nível concelhio.
Preocupada com o decréscimo populacional, tem incentivado a natalidade na freguesia através da concessão de 150 euros ao casal por cada nascimento de uma criança. Tem apoiado anualmente a aquisição de manuais escolares, contribuindo com 25 euros por aluno do 1.º ciclo que resida na freguesia. No âmbito de uma política de proximidade nos cuidados de saúde, tem promovido regularmente rastreios gratuitos à audição e visão, assim como a avaliação, com periocidade mensal, da tensão arterial, da glicemia e do colesterol e ainda a aplicação anual da vacina contra a gripe. Tem disponibilizado os seus meios informáticos e prestado informações aos fontourenses no que toca ao cumprimento das obrigações com os serviços do Estado, designadamente as finanças, apoiando os contribuintes na entrega do IRS via internet. Ainda no que se refere ao apoio na relação com serviços públicos, assinou um protocolo com a Administração da Região Hidrográfica do Norte, permitindo assim apoiar os fontourenses na instrução de processos de pedidos de autorizações, licenças e concessões relativos a recursos hídricos/exploração de águas nos seus terrenos. Com esta iniciativa, tem-se evitado deslocações ao Porto, com os custos e perdas de tempo inerentes.
Anualmente, no dia 10 de Junho, tem prestado uma homenagem aos soldados mortos na guerra do ex-Ultramar, mandando celebrar missa em sua memória, e organizado nesta data um lanche convívio com ex-combatentes e suas famílias. Como oportunidade de dar a conhecer outras regiões do país, tem organizado um passeio anual aberto a todos os fontourenses. No âmbito das comemorações do dia da criança, organizou diversas visitas destinadas às crianças da freguesia, a última das quais foi um passeio até ao Porto, tendo como ponto alto dar a conhecer o estádio do Dragão. Como forma de incentivo ao convívio, tem organizado um magusto comunitário.
Tem colaborado activamente na organização da festa em honra de Nossa Senhora da Guia e no apoio a iniciativas da paróquia, de entre as quais merece realce a levada a efeito para angariação de fundos para o pagamento das obras de requalificação da capela de S. José.
Merece ainda destaque a criação da Rota dos Cerejais, devidamente sinalizada, que foi inaugurada no ano passado, uma mais valia ao dispor das pessoas para desfrutar da beleza das nossas encostas em que as cerejeiras e as cerejas são rainhas.

Respostas breves
1. Onde passou as últimas férias?
Não sei o que é isso; nunca tive férias

2. Compra preferencialmente português?
Sim; faço todos os possíveis

3. Quais os seus passatempos?
Só sei trabalhar; claro que também gosto de falar e conviver

4. Qual o momento mais feliz da vida?
O nascimento dos filhos; também fico feliz por ver a família e os mais próximos com saúde

5. E o mais triste?
Sempre que me deparo com alguém doente fico triste; também sou muito sensível à pouca sorte dos outros e fico desanimado quando nada posso fazer

6. Que faz para ultrapassar as “neuras”?
Digo tudo o que tenho a dizer, incluindo palavrões

7. Qual o seu prato preferido?
Leitão assado, acompanhado de champanhe

8. Qual a obra mais necessária para o futuro do concelho de Resende que falta fazer?
A estrada 222-2 de ligação a Bigorne

9. O que mais admira nos outros?
A fidelidade à palavra dada

10. O que mais detesta nos outros?
A falta da qualidade anterior

11. Qual é a festa que lhe dá mais gozo comemorar?
A festa de Nossa Senhora da Guia e a festa de S. José

12. Quais os locais do concelho para onde costuma ir passear?
Gosto de todo o concelho, mas para passear prefiro a serra de Montemuro

13. Tem algum objecto que guarda com particular predilecção?
Guardo um sachinho da minha sogra que a acompanhava quando foi encontrada morta

14. De que mais se orgulha?
Dos meus filhos e do meu percurso de vida

15. Quais as três obras mais importantes para o concelho feitas após o 25 de Abril?
Destaco a ponte da Ermida, as escolas e o centro de saúde

16. Acredita que a construção da estrada Resende/Bigorne irá arrancar brevemente?
Infelizmente não

17. O que é que acha que o Eng. António Borges irá fazer após a saída da Câmara Municipal?
Talvez se dedique a áreas mais ligadas à sua profissão de engenheiro, embora a política lhe esteja no sangue

18. Associa a palavra Resende a..?
Cereja

19. Chegou a levar reguadas na escola?
Algumas, como quase todos os outros colegas

20. Já foi multado por infracção ao código da estrada?
Sim, uma vez, por ter sido apanhado sem a vistoria da viatura, que pensava ainda estar em dia

21. Já alguma vez deu uma prenda que lhe tinha sido previamente oferecida?
Não

22. Concorda que o Estado limpe as matas de quem não o fizer e mande a conta?
Sim; as pessoas têm de se convencer que têm de manter limpas as suas propriedades

23. Que áreas deverão ser privilegiadas para criar emprego em Resende?
Acho que só os negócios ligados ao turismo têm hipóteses

24. Refira dois nomes que mais contribuíram para o desenvolvimento de Resende?
Dr. Brito de Matos e Eng. António Borges

25. É favorável à redução de autarquias, designadamente de freguesias?
Não. Mesmo as freguesias urbanas devem manter-se

26. Tem argumentos para fixar os mais novos na freguesia de S. João de Fontoura?
Infelizmente não

27. De que mais gostou deste “novo” Gentleman?
Das novas instalações, da qualidade da comida e do atendimento simpático
*Apontamento de minha autoria, publicado no Jornal de Resende, número de Maio de 2012
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