terça-feira, 28 de agosto de 2012

Ao almoço, no restaurante "Gentleman", com Júlio Alberto Francisco, Presidente da Junta de S. Romão*


“Ele é integralmente um gentleman”

Esta citação de Rebeca West, escrita na parede à direita, logo à entrada do restaurante, define e caracteriza o ambiente acolhedor, a arte de bem receber, o bom gosto e a qualidade da comida. Este novo Gentleman, capitaneado por Manuel Pedro Gomes, de decoração sóbria e de muito bom gosto, corporiza o conceito abrangente de restauração: pratos regionais, refeições para dias especiais, almoços muito económicos de preço fixo, pizas, massas e menus infantis, de entre outros destaques. Com bom tempo, poder-se-á desfrutar do espaço convidativo da esplanada.
Júlio Francisco escolheu tiras de vitela grelhadas; eu escolhi peixe espada grelhado. Ambas as doses estavam excelentes, tendo contribuído para uma óptima refeição e uma agradável conversa.

Quem é o Presidente da Junta de S. Romão
Júlio Alberto Francisco nasceu a 11 de Julho de 1938 em Regadinha/S. Romão, sendo filho único de Armando Pinto Ferreira e de Maria Laura da Rocha. Frequentou a antiga escola primária de S. Romão, onde terminou a 4.ª classe, cujo exame final fez na escola da vila, como era costume à época.
A seguir, foi para o Porto, onde serviu como marçano durante três anos. Gostou da vida da cidade, que lhe proporcionou novos horizontes, bem diferentes da monotonia do campo. Caso a decisão lhe pertencesse, gostaria de aqui continuar. Contudo, um dia, o pai apresentou-se na firma para o levar de volta a S. Romão, onde era preciso para o amanho das terras. De facto, embora tivessem um caseiro, os pais tinham de cuidar de vários terrenos de que eram proprietários. Assim, até aos 21 anos trabalhou nas lides do campo e no pastoreio e guarda do gado. Em 1959 foi para a tropa para Vila Real, onde fez a recruta e tirou a especialidade de atirador, daqui transitando para o antigo quartel Metralhadoras 3, no Porto, onde permaneceu um ano. Veio finalmente a ser colocado em Vila Real, onde passaria à disponibilidade, em 1961.
Terminada a vida militar, voltou para casa dos pais, ajudando no cultivo das terras, que produziam essencialmente batatas, milho e trigo. Ainda se lembra de vender cerca de 15 toneladas de batatas Tinha ainda ao seu cuidado o pastoreio de três vacas. Aos 26 anos casou-se, tendo continuado a viver na casa dos pais, aí permanecendo até hoje. A propósito, recorda com saudade o pai, que faleceu em 1997, a quem muito deve na formação da personalidade e nos valores recebidos. Era uma pessoa muito conceituada na freguesia, tendo chegado a ser presidente da junta antes do 25 de Abril. A mãe morreu em 2005.
Continua a viver em Regadinha, S. Romão, onde nasceu, e tem um filho, que reside em Lisboa.
Integrou sempre, desde as primeiras eleições autárquicas, em 1976, uma lista para a assembleia de freguesia de S. Romão, tendo ocupado sucessivamente funções de presidente da assembleia e de tesoureiro até 2001. Nas eleições desse ano, foi convidado a encabeçar a lista pelo PS, que ganhou, o que veio a repetir-se em 2005 e 2009. Cumpre, pois, o terceiro mandato como presidente da junta.

O que tem feito na Junta de S. Romão
O atendimento é feito aos domingos, das 09h00 às 13h00, embora “esteja sempre disponível 24 horas por dia”, como gosta de dizer. Responde no quadro das competências e serviços da junta, como passagem de atestados, certidões e licenças. Faz a gestão e manutenção do cemitério. Procura manter os caminhos e estradas municipais limpos. Colabora com o serviço local da Segurança Social, cedendo um gabinete de atendimento por uma técnica.
A obra de que mais se orgulha é o Centro Comunitário, com a valência lar para 13 idosos , centro de dia e apoio domiciliário, servindo S. Romão e freguesias vizinhas. A necessidade deste equipamento foi apresentada por si aquando das eleições autárquicas de 2001, tendo sido entusiasticamente acolhida pelo Eng. António Borges, ao qual se deve a sua concretização. A respectiva construção teve o apoio da Câmara Municipal, tendo a inauguração ocorrido a 5 de Maio de 2009. Este equipamento dá trabalho a 13 pessoas, estando a gestão a cargo da Casa do Povo de Resende, havendo um acordo de cooperação com a Segurança Social. Importa referir que as vagas do lar são insuficientes face à procura.
Em colaboração com a Câmara Municipal foi construído um novo edifício para sede da Junta, inaugurado a 13 de Setembro de 2007, o qual integra um salão nobre, sala de atendimento, gabinete do presidente, sala de arquivo e casas de banho. Tem serviço de internet disponível à população.
Todas as povoações da freguesia estão ligadas por estrada. A ligação a Regadinha, já alcatroada, e a Malhoa, a alcatroar brevemente, foi da sua responsabilidade, tendo contado com a colaboração da Câmara Municipal. Vários caminhos foram por si alargados e cimentados.
Realizou, durante vários anos, os jogos tradicionais, tendo entretanto desistido devido aos encargos avultados, sobretudo com a prova de motocross.
Organiza um passeio anual para pessoas com mais de 60 anos e uma ceia de Natal com os idosos do Centro Comunitário e da freguesia.
Irá envidar todos os esforços junto da Câmara Municipal para que todas as povoações tenham água ao domicílio e serviço de saneamento.

Respostas breves

1. Onde passou as últimas férias?
Nunca gozei férias

2. Compra preferencialmente português?
Sim, faço todos os possíveis

3. Quais os seus passatempos?
Gosto de ir até aos campos, conversar, ver a bola

4. Qual o momento mais feliz da vida?
Foi o nascimento do meu filho. E estar com ele é sempre um prazer

5. E o mais triste?
Foi a perda dos meus pais

6. Que faz para ultrapassar as “neuras”?
Dando uma volta até aos campos

7. Qual o seu prato preferido?
Cozido à portuguesa

8. Qual a obra mais necessária para o futuro do concelho de Resende que falta fazer?
Espero que ninguém me leve a mal, mas é a construção de um novo pavilhão no Centro Comunitário de S. Romão para resolver a lista de espera. Não me canso de dar conta ao presidente da Câmara desta situação

9. O que mais admira nos outros?
Honestidade e fidelidade à palavra dada

10. O que mais detesta nos outros?
O facto de algumas pessoas não assumirem os compromissos

11. Qual é a festa que lhe dá mais gozo comemorar?
O Natal, que é a melhor ocasião para juntar a família

12. Quais os locais do concelho para onde costuma ir passear?
Vou muitas vezes à vila

13. Tem algum objecto que guarda com particular predilecção?
Uma máquina de costura muito antiga, que já vem do tempo da minha avó

14. De que mais se orgulha?
Da maneira empenhada como tenho exercido as funções de presidente da junta, que vejo reconhecida na confiança que as pessoas em mim depositam

15. Quais as três obras mais importantes para o concelho feitas após o 25 de Abril?
Na freguesia foi a construção do lar e da sede da junta de freguesia; no concelho destaco o centro de saúde, as novas escolas e a requalificação da vila

16. Acredita que a construção da estrada Resende/Bigorne irá arrancar brevemente?
Acho que um dia vai ser construída, quando não sei

17. O que é que acha que o Eng. António Borges irá fazer após a saída da Câmara Municipal?
Ele gosta muito de Resende. Por isso, irá continuar a apoiar o progresso do nosso concelho

18. Associa a palavra Resende a..?
Progresso

19. Chegou a levar reguadas na escola?
Algumas, mas não estou revoltado por isso

20. Já foi multado por infracção ao código da estrada?
Não tenho carta de condução

21. Já alguma vez deu uma prenda que lhe tinha sido previamente oferecida?
Já aconteceu, pois fazia mais falta a outra pessoa

22. Concorda que o Estado limpe as matas de quem não o fizer e mande a conta?
Após devidamente informadas e avisadas, as pessoas têm de arcar com as suas responsabilidades

23. Que áreas deverão ser privilegiadas para criar emprego em Resende?
O único caminho que estou a ver é continuar a apostar nas Caldas de Aregos e no turismo

24. Refira dois nomes que mais contribuíram para o desenvolvimento de Resende?
Eng. António Borges e Dr. Brito de Matos

25. É favorável à redução de autarquias, designadamente de freguesias?
Não, pois cada freguesia tem a sua história. E agrupar freguesias não traz poupanças praticamente nenhumas

26. Tem argumentos para fixar os mais novos na freguesia de S. Romão?
Infelizmente não

27. De que mais gostou deste “novo” Gentleman?
Do atendimento e, claro, de falar consigo

*Apontamento da autoria de Marinho Borges, publicado no Jornal de Resende, número de Julho de 2012
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