quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Dois investidores estrangeiros dão novo fôlego à histórica Quinta de Covela/Baião


 VINHOS QUE DEIXARAM SAUDADES ENTRE OS ENÓFILOS RENASCEM ESTE ANO

O sonho e a paixão voltaram à Quinta de Covela. Acreditando na qualidade e potencial dos vinhos portugueses, dois investidores estrangeiros deixaram-se render pela beleza da propriedade - e pela qualidade dos vinhos Covela.
A Quinta de Covela, debruçada sobre o rio Douro nas terras graníticas do Entre-Douro-e-Minho, está a viver um novo fôlego, alimentado pela paixão de dois investidores estrangeiros: o brasileiro Marcelo Lima e o inglês Tony Smith. Em Julho de 2011, os dois amigos compraram a quinta por cerca de 3 milhões de euros. Agora, um ano mais tarde, e depois de uma série de investimentos, os novos proprietários já fizeram a primeira vindima. E a expectativa em relação à qualidade dos vinhos é elevada.
É o renascimento de uma das mais bonitas quintas de Entre-Douro-e-Minho. Voltada para o rio Douro, Covela situa-se na transição entre o granito minhoto e o xisto do território duriense. Localizada num anfiteatro exposto a sul, na margem direita do rio, a propriedade estende-se ao longo de 34 hectares, povoados de vinhas (14 hectares), bosques mediterrânicos, hortas e pomares murados. Dispõe também de três modernas moradias, adega, duas casas de quinta e diversas ruínas, nas quais se incluem a fachada da antiga casa solarenga da propriedade, do século XVI, e uma capela dedicada a Santa Quitéria. Os novos proprietários pretendem estudar o legado histórico existente e transformar as velhas ruínas num centro de receção e visitas.
A atual Quinta de Covela resultou da junção de duas propriedades: a original, que pertenceu à família da mulher do cineasta Manoel de Oliveira, e a Quinta dos Casaínhos, adquirida pelo realizador no final dos anos 30 para juntar ao dote da futura esposa, Maria Isabel Brandão Carvalhais. A casa onde o casal Oliveira passava temporadas tem uma das mais formidáveis vistas sobre toda a quinta. Com um jardim romântico contíguo, todo o sítio vai agora ser objeto de uma intervenção que lhe devolverá o caráter e beleza originais. Nos anos 50 do século passado, Manoel de Oliveira redesenhou e mandou reabilitar o edifício onde hoje funciona a adega e também as duas casas da propriedade que lhe são contíguas.
No final dos anos 80, a quinta foi vendida ao empresário Nuno Araújo. Em 2006, após uma aposta inicial na vinha e nos vinhos - que foram ganhando uma crescente notoriedade nacional e internacional -, o empresário avançou com um grande investimento imobiliário na quinta, aproveitando a sua fantástica localização. O projeto previa a construção de 12 moradias de luxo destinadas ao mercado britânico. Nuno Araújo ainda conseguiu construir três moradias, mas o eclodir da crise financeira ditou o fim do projeto.
Em 2010, quando passava um fim de semana no hotel Fasano, no Rio de Janeiro, Marcelo Lima conheceu por acaso dois empresários portugueses que o informaram que a Covela iria a leilão. Esse encontro acabou por mudar o rumo desta quinta e juntar Lima e Smith numa grande aventura.
Lima é economista e acionista do grupo brasileiro Artesia, com interesses em várias áreas, desde a refrigeração comercial (possui a Metalfrio, a segunda maior empresa do mundo no ramo), ao vestuário (marcas Le Lis Blanc, Bo-Bô e Johnjohn) e à banca (C1 Bank na Florida, EUA), faturando anualmente cerca de 2,2 mil milhões de reais. Lima é também fazendeiro, com propriedades no Estado de Minas Gerais. Smith é jornalista, com ligações a Portugal desde 1988. Trabalhou vários anos em Portugal como correspondente e editor e depois seguiu para o Brasil. Conheceu Lima em 2000, quando era correspondente do New York Times, em São Paulo.
Os dois eram enófilos e gostavam muito de Portugal. “Quando bebíamos um copo juntos, na brincadeira sempre dizíamos: um dia havemos de fazer vinho juntos”, recorda Tony Smith. Entre 2006 e 2010, os dois amigos visitaram várias propriedades à venda em Portugal, desde o Alentejo ao Douro, em busca de uma onde pudessem concretizar esse sonho. Até que surgiu a hipótese da Covela. Smith, representante da editora Condé Nast no Brasil, regressou a Portugal e gere in loco a quinta.

Covela reforça aposta na qualidade dos vinhos

No último ano, os novos proprietários readmitiram a antiga equipa de colaboradores e as obras de recuperação têm dinamizado o mercado local de serviços. Entregaram novamente a responsabilidade pelos vinhos ao enólogo Rui Cunha, que estava envolvido no projeto Covela desde o início, renovaram a adega, recuperaram vinhas, muros e armazéns. A recuperação das vinhas está a ser feita de acordo com os princípios da agricultura orgânica. A revolução em curso na Covela não fica por aqui: os novos proprietários plantaram também hortas e mais árvores de fruto, reconstruíram um antigo moinho de água e estão a recuperar represas e aquedutos de pedra concebidos por Manoel de Oliveira.
Nos vinhos, os planos passam por reforçar a presença das castas nacionais como o Avesso e o Arinto. A produção dos tintos e dos rosés que a quinta já comercializava irá manter-se, mas a ideia é ir aumentando a quota de brancos, respeitando o estilo e o caráter que tornaram famosos os vinhos de Covela. Vinhos secos de forte personalidade e cheios de frescura. Em 2008, o jornalista e crítico britânico Jamie Goode, autor do conceituado blogue de vinhos Wineanorak, elegeu o Covela Grande Escolha tinto 2005 como um dos 50 melhores vinhos portugueses. “Para nós, este é um ano piloto, mas toda a equipa esta trabalhando para produzir os vinhos de elevada qualidade de sempre”, conclui Smith. O sonho e paixão voltaram à Quinta de Covela.

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